quinta-feira, dezembro 23, 2004

Razões Pendentes

closed

Vou tratar de armadilhar a minha chaminé com os tais espigões movidos por movimento. E de seguida partirei para o Pólo Norte em missão de resgate dos milhares de duendes explorados por esse velho pederasta, no resgate das renas sexualmente molestadas, e se a missão correr dentro dos planos, o velho pederasta (não não é o Osama) será capturado, devidamente sodomizado por um tribo somali, enviado para Guantanamo, e julgado por crimes à humanidade. Como vêem terei uma agenda muito preenchida que me impedirá de continuar a expôr todas as razões que andam por aí à solta. No próximo dia 1 de Janeiro, já no próximo ano, as Razões voltarão à carga.
Até lá, a todos os que por aqui passam à procura de Razão, os votos de um Feliz Natal e de um 2005 cheio de boas razões!

Razões Religiosas

rel-ofmc

E de espada em riste fomo-nos a eles que nem uns leões em nome do Senhor. No final do dia, olhando vitoriosos para o campo de batalha pejado de sarracenos caídos em batalha, alegramo-nos e rezamos ao Senhor por mais uma conquista em nome Dele. A seguir fomos experimentar as sarracenas enquanto comíamos tâmaras.

Relato de campanha do cavaleiro e cruzado Philip Augustus, in "Cruzadas na terra Santa", 1105.

A religião, seja ela qual fôr, sempre esteve presente ao longo da história da humanidade, assumindo as mais distintas formas, em tempo também eles distintos. Costumo dizer que nós, portugueses, tivemos o azar de nos calhar a religião cristã, coisa que normalmente escandaliza os meus amigos mais tementes e que normalmente acaba em tristes cenas de pancadaria selvática, à boa maneira cristã.
Tivemos o azar de nos calhar os cristãos porque, na realidade, estes gajos são (nas suas mais díspares variantes) os tipos que mais contribuiram para o embrutecimento da nação, colocando sempre à frente valores mais materiais do que espirituais. E o mais grave é que se safaram!
Uma religião que fala em dar a outra face e que em diversas alturas da nossa história é a principal responsável pelo massacre de outros povos e culturas, só pode estar a gozar perdidamente connosco. Uma religião que observa 10 mandamentos mas que não respeita nenhum deles está completamente a achincalhar-nos. Uma religião que dita se usamos ou não preservativo (quem são esses gajos para me dizerem o que devo colocar à volta da minha... adiante!). Uma religião que chantajeia os seus crentes com um inferno, um purgatório e um “céu”, e que simultaneamente se dá a si própria a autoridade de dizer quem vai para onde, não pode ser considerada uma religião, mas tão somente um centro logístico de distribuíção de almas gerida com base em premissas, no mínimo, duvidosas. Mal por mal preferia ser fundamentalista islâmico: não andaria por aí com mariquices falsas de “dar estoicamente a outra face”, e no final teria uma centena de virgens à minha espera, quer fosse no paraíso, na República do Butão, ou em qualquer sítio a meia luz com uma superfície almofadada.

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Razões Nacionalistas

afonso_henriques

Eu queria aqui deixar bem claro que, lá porque critico por vezes brutalmente a nossa triste e vil nacionalidade isso não significa que a desdenhe (ao contrário de muitos tugas malaicos que andam por aí, e aos quais teria muito gosto de apresentar uma tribo somali devidamente untadinha de vocês sabem o quê).
Não senhores, eu cá gramo de sobremaneira de fazer parte de um país cuja fundação começou com um belo par de chapadas dadas por um filho de uma mãe (convenhamos que ela andava a pedi-las); orgulho-me diariamente de um gajo que prometeu pagar uns trocos ao Papa vigente para transformar este território num país, e que depois o enganou à campeão e nunca lhe deu um chavo (se os gajos que vieram a seguir lhe tivessem seguido o exemplo, a igreja não teria estragado tanta coisa por aqui); rejubilo em histeria quando este mesmo gajo desata a arrear porrada de três em pipa nos sarracenos e funda uma data de merdas, inclusivé Lisboa. Não haja cá dúvida que se havia gajo que sabia fundar era ele.
E depois orgulho-me de outros gajos e gajas que contribuiram para este projecto: a padeira que ostentava uma destreza letal com a pá; o tipo de Avis, que pôs o Andeiro a andar; os gandamalucos que se puseram a fundar além-mar em casquinhas de noz; os gajos que enganaram os castelhanos (esses grandes porcalhões javardos filhos de uma carruagem atestada de lolitas) em Tordesilhas; o tipo de um olho só que idealizou e escreveu uma nação que não estava lá, e um império que de quinto não tinha nada.
É claro que depois deste anos áureos já não me orgulho de grande coisa, mas que no início aquela malta tinha razão, oh meus amigos, lá isso tinha!

terça-feira, dezembro 21, 2004

A Razão do Sismo

richter

Um conteúdo cheio de razão que me apareceu hoje no e.mail:

O sismo que se sentiu recentemente em Portugal e Espanha, de magnitude 5,5 na escala de Richter, foi causado por Pedro Santana Lopes.
Santana Lopes tem uma ligação cósmica óbvia a terramotos nesta zona e este foi causado pelo distúrbio de energias sentido pelo Primeiro-Ministro demissionário (ou demitido, não sei) com toda a crise política que se vive actualmente. Quais as provas desta ligação? São demasiado evidentes, mas dado que há gente que é demasiado distraída, vou mesmo assim enumerá-las.
Comecemos por analisar a ligação histórica de Santana Lopes aos terramotos na nossa zona, nomeadamente ao mais famoso e de maior magnitude de todos - o de 1 de Novembro de 1755.
Quantas letras tem "Pedro Santana Lopes"? Contem-nas: 17 letras. Quantas letras tem "Pedro"? 5 letras. Quantas letras tem "Lopes"? 5 letras.
Vejam bem: 17 letras, 5 letras, 5 letras. 17 5 5 - 1755, o ano do Terramoto.
Querem mais provas? Santana Lopes nasceu em 1956. O Terramoto foi em 1755. Qual a diferença entre 56 e 55? Um. Em que dia foi o Terramoto? No dia 1 (de Novembro).
Mais uma? "Pedro Santana Lopes", como já vimos, tem 17 letras. "Terramoto de Lisboa" tem - adivinhem!... - 17 letras!!... Para finalizar: quer "Pedro Santana Lopes", quer "Terramoto de Lisboa" têm 2 'e', um 'd' e um 'l'... Com estas letras escreve-se a palavra "dele". De quem é o Terramoto afinal? Dele. De Pedro Santana Lopes.
Passando agora ao recente terramoto - querem provas da ligação com Santana Lopes? Segundo os dados do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, o sismo de hoje teve uma magnitude de 5,4 na escala de Richter. 5,4. Quantos filhos tem Santana Lopes? 5. Quantos meses esteve no Governo como Primeiro-Ministro? 4.
O sismo deu-se às 14h16. Somemos os números: 1+4+1+6=12. Quantas letras tem "Santana Lopes"? Exacto - 12!
Mais uma, para terminar: o epicentro localizou-se nas coordenadas 36º43' Norte e 9º76' Oeste. Somemos os números: 36+43=79. 9+76=85. Em que ano se licenciou Santana Lopes (em Direito)? Exacto, 79. Até que ano foi presidente da Comissão Política Distrital da Área Metropolitana de Lisboa do PSD? Correcto, 85...
Podíamos seguir, mas julgo que já são suficientes provas - se há um responsável pelo abalo sentido, só pode ser um único…

Razão Feia, a Inveja

inveja

Dois indivíduos trabalham como porteiros num conhecido hotel nova-iorquino, um deles é português, o outro é americano. Uma das suas qualificadas funções é conduzir até à garagem do hotel os carros dos clientes que diariamente frequentam o hotel. Sempre que o americano estaciona um carrito caro fica motivado e pensa “tenho que desempenhar a minha função o melhor que sei e, um dia, com sorte e muita dedicação serei eu que um dia deixarei aqui um destes carros para alguém estacionar”. Mais construtivo, o porteiro português pensa “ganda sacana, tenho que arranjar uma maneira de te lixar a pintura do carro sem que ninguém perceba que fui eu. Deves ter a mania que és melhor que os outros por andares de Jaguar”.

Há um ano atrás uma agência portuguesa de publicidade ganhava o Grande Prémio de Cannes em Imprensa perante um júri internacional. Era o prémio mais elevado que alguma vez o país tinha ganho num festival internacional de publicidade. Passadas 24 horas o prémio foi-lhe retirado porque a delegação portuguesa em Cannes conseguiu arranjar provas de que o anúncio tinha sido criado propositadamente para o festival (coisa perfeitamente normal em concursos internacionais de publicidade).

Um estudo recente do ICEP sobre as características predominantes da cultura portuguesa revela que aquilo que melhor nos distingue dos outros povos é a nossa doentia queda para invejar tudo e todos, o que nos leva a andar lixados com a vida o tempo todo. Nada de novo aqui.

A razão de existência dos portugueses são os outros (portugueses) e aquilo que eles têm (ou não). Se têm mais que nós está tudo estragado, ficamos completamente lixados e não descansamos enquanto não tansformamos o objecto da nossa inveja a pó. A postura é: se eu não tenho tu também não terás! E portanto todas as energias são gastas a destruir qualquer hipótese de alguém vir a ter seja o que fôr. Depois lemos as estatísticas nacionais: desenvolvimento mais baixo da europa, confiança dos consumidores a dar mais para a desconfiança, fraca produtividade, elevadas taxas de absentismo, e esse chorrilho de números que diariamente nos mostram o quão pequeninos e mesquinhos somos. E depois de andarmos durante o dia a lixar o maior número de mamíferos lusitanos que conseguirmos: vizinhos, colegas de trabalho, transeuntes, condutores, balconistas, empregados de café, patrões, etc. Chegamos a casa, enchemos o pé no cão que está deitado no nosso sofá, ligamos a TVI, e acalmamos durante umas horas a olhar para a desgraceira de vida de outros portugueses com uma existência mais miserável que a nossa. Nessa altura sentimo-nos realmente bem, sentimo-nos uns privilegiados por direito próprio.
Imagine-se canalizar para fins construtivos toda a energia que os portugueses gastam a lixar diária e paulatinamente outros portugueses, e teríamos um país a sério, e não um rectângulozinho complexado que se auto-denomina o “cu da Europa”.


segunda-feira, dezembro 20, 2004

domingo, dezembro 19, 2004

A Razão da Campanha Eleitoral

socratus

Na passada sexta-feira tive o azar de ter sido convidado para um jantar no Pavilhão de Congressos de Lisboa. Azar porque paredes meias acontecia outro jantar com umas centenas valentes de mamíferos do partido socrático. Escusado será dizer que a minha refeição foi um verdadeiro martírio alucinado: a gritaria do Sócrates, arremessando palavras de ordem na sala ao lado, impediu de concentrar-me no consumé, de saborear o prato principal, e quando cheguei à sobremesa os comensais socráticos estavam em pleno transe apoteótico, ao som da banda sonora do Gladiador que, pelos vistos, foi a música escolhida para a sua campanha eleitoral. Lembrei-me então de como seria interessante se esta próxima campanha eleitoral fosse inspirada nos espetáculos de porradaria desenfreada do velho coliseu romano.

À boa maneira de Otelo (e não me refiro ao de Shakespeare) metiam-se os dez milhões de portugueses na praça de touros do Campo Pequeno com os polegares em riste. Largavam-se os candidatos na arena: Sócrates de sandálias com uma espada curta de lâmina mal amolada; Portas com um imenso pilum e uma sunga núbia; Santana completamente nu com um tridente e uma rede, ostentando um daqueles elmos em forma de cabeça de cherne; Jerónimo de Sousa com uma moca de Rio Maior envergando umas vestes célticas; e finalmente o Louçã, vestido de bardo, com uma lira nas mãos. Depois era ver como é que estes senhores se safavam!
Os candidatos degladiar-se-iam na arena à boa maneira antiga até que restasse apenas um. A assistência exerceria a sua razão e decidiria, pelo método do polegar, se queria ser governada pelo candidato sobrevivente. E depois abandonariam todos o recinto com a reconfortante sensação do dever cumprido. Decididamente, a coisa seria razoavelmente mais divertida, e estupidamente mais rápida.

sábado, dezembro 18, 2004

A Razão do Boneco de Neve

Icy

O Boneco de Neve é a figura mais desgraçada da estação Invernal (tirando talvez a Rena Rudolfo, que para além de ter que andar a trabalhar na noite de Natal, ainda tem que levar, 365 dias por ano, com as pulsões sexuais do pederasta do seu dono – ver “As Razões Secretas do Pai Natal”). Dizia eu, que este desgraçado do Boneco de Neve, neste momento à frente da votação deste blog, é de facto um miserável. Após tentativas várias, não se consegue ligar ao Natal: parece uma espécie de Santana Lopes desta quadra: alguém o pôs ali (e não fomos nós, pelo menos eu não fui), tem um papel meramente decorativo, e em apenas 3 meses dissolve-se, para reaparecer uns tempos depois, cheio de vigor, dando a ideia que vai ficar ali para sempre. Eu agradecia aos senhores que votaram neste inútil, que me elucidassem quando dizem que este palhaço saído de uma cuvete é que tem razão.

sexta-feira, dezembro 17, 2004

A Razão do Bufanço Institucional

emel

Se há malta que me enerva seriamente são esses javardos dos Emélicos. Esses sacanóides vestidos de verde, pagos pelos nossos impostos, que andam aí pelas ruas a bufar à polícia que carros é que estão mal estacionados e que carros já excederam o tempo de parqueamento.
Depois de 40 anos de pulhas pidescos e de bufos canalhas, inventaram-se os Bufos Institucionalizados. A única função destes filhos de um longo comboio atestado de meretrizes é bufar o mais que puderem. São também Bufos Comissionistas, porque quanto mais bufam mais ganham. Uma vez que este exercício de bufanço javardoso é feito à nossa conta, não seria se calhar má ideia fazermos todos um pequeno pé de meia e criar as milícias anti-emélicos: rapazinhos somalis de fino trato que depois de caçarem, espancarem (e, já agora, sodomizarem) os Emélicos, os transportariam a todos para um recinto fechado obrigando-os a respirar, por um período nunca inferior a 24 horas ininterruptas, flatos de cavalos pentapérnicos com valentes desordens intestinais.
Quem estiver interessado em contribuir para esta gentil milícia pode fazê-lo pela conta nº 27512345 do Banco Espírito Santo.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Razões Limitadas

prendinha

A todos aqueles que gostam de usar citações intelectuais porque acham que assim parecem mais inteligentes. A todos aqueles cujo único exercício criativo é copiar e colar imagens à espera que outros façam comentários. A todos aqueles que acham que têm jeito para escrever e que um dia vão ganhar um Nobel da Blogotura. A todos aqueles que se acham poetas e que escrevem merdas que nem na gaveta se deviam guardar. A todos aqueles diariamente descrevem as suas bacocas crises adolescentes e pensamentos com a profundidade de 1mm. A todos aqueles que diariamente têm a pachorra de descrever os pormenores desinteressantes da sua vida vazia. A todos aqueles cujo conceito de comentário consiste apenas em: “sim”, “pois”, “apoiado”, “han han”, “heheheheh”. Este post é a minha prenda de Natal para vocês.

Razões Insondáveis

zzz

Voltei a ter o meu sonho recorrente. O Santana está na Quinta das Nulidades a desbastar a Cinha em directo, sob vários ângulos de camera. O Frota é Presidente da República e acaba de dissolver o governo encabeçado pelo Tino de Rans. O partido comunista elege o Zézé Camarinha para substituír o Carvalhas. O Carlos Cruz apresenta o 123 perante uma audiência de rapazinhos nús. A Julia Pinheiro faz coisas inenarráveis com um burro que canta ópera. A Ana Afonso apresenta o Jornal da Noite mas não se percebe peva do que ela fala desde que fez a 27ª inclusão de silicone nos lábios – a cabeça pende-lhe perigosamente para a frente, e a pobre não consegue tirar a boca do laptop que lhe serve de ponto. O Pinto da Costa dirige uma casa de alterne masculino onde os empregados são ex-jogadores do Porto. O Sócrates emborca shots de cicuta para comemorar a próxima vitória eleitoral enquanto embirra com os sofistas, batendo-lhes repetidamente na cabeça com uma alheira de Mirandela.
Tenho que deixar de beber mescal depois do jantar: os sonhos começam a assemelhar-se perigosamente com a realidade.

quarta-feira, dezembro 15, 2004

A Razão do Natal

bobby

Depois do que me aconteceu esta manhã, tive finalmente a revelação celeste (ao fim de alguns anos) de qual é a verdadeira finalidade do Natal. Não serve, de maneira nenhuma, como pretexto para reunir à mesa uma família que não se vê durante um ano e que, depois do jantar de Natal e enquanto se lembrar, vai continuar a não se ver.

Não serve também, para festejar o nascimento do menino Jesus (senão chamava-se festa de anos e não Consoada) conforme nos ensinou aquela educadora de infância cuja única função que teve foi a de não passarmos o resto da vida com saudades da infância.

Não serve também para reflectir nas questões mundiais, como a paz, a repartição de riqueza, o Santana Lopes ter sido nosso primeiro ministro (esta não é uma questão mundial, aliás, acho que NUNCA ninguém teve dúvidas) e blá, blá, blá... porque para tristezas já basta termos que gastar o 13º numa quantidade infernal de tralha que só vai contribuir para aumentar esta nova tendência colectiva para a depressão.

Não, o Natal foi inventado pela PSP, quais Pais Natais avulso, barrigudos e com o cinto a cair das calças, surgem aos magotes nesta época do ano, também nos perguntam se temos uma carta, depois passam-nos um balão para mão, e como os tempos são modernos têm um ajudante que lhes comunica (porque nos andou a vigiar com um sacana de um radar homologado) se nos andámos a portar bem. Invariavelmente portamo-nos mal, e assim como aquela tia sovina desdentada e um pouco pedófila, que todos os anos nos comprava um beijinho pela módica quantia de 20 escudos (se os tivéssemos, nós é que os pagaríamos para não a beijar), nos perguntam a sorrir: - " O senhor sabe a que velocidade é que ia?" Nesse preciso momento voltamos rapidamente à nossa infância e quais crianças indefesas, ranhosas, ignorantes e com frio (esta pergunta já é feita fora do carro para desencorajar quaisquer discussões) dizemos: - Não...

- Pois é, respondem os Pais Natais: ia a 85km/h à hora, mais 35 do que é permitido por lei e por causa disso vai ter que pagar 200 Euros.

Ora metade do meu subsídio já estava alocado à associação dos comerciantes, e o pouco que sobrava para uma tatuagem numa zona indescritível, ou para uma caçadeira de canos serrados para ir receber o vencedor da Quinta das Nulidades, passou a voar-me à frente dos olhos. Por isso, o que eu gostava mesmo era que eles também tivessem que fazer como os verdadeiros Pais Natais (esses pederastas): descer pela chaminé lá de casa, de preferência numa noite em que estivesse acesa e armadilhada.

Mas como sabemos que isso não acontece, e como crianças que nos fazem sentir por breves instantes, aproveitamos para gritar quando já temos o carro em andamento: VÃO MAS É ROUBAR PRÁ ESTRADA, SEUS JAVARDOLAS CERTIFICADOS!

terça-feira, dezembro 14, 2004

Razões Ininteligíveis

semiot

Há, é verdade, esta diferença entre uma emoção e uma hipótese intelectual, a saber, que nos assiste razão em dizer, no caso desta última, que de tudo aquilo a que esse predicado hipotético simples pode aplicar-se, disso é verdadeiro o predicado complexo; enquanto que, no caso da emoção, esta é uma proposição para a qual não se pode dar razão alguma, mas que é determinada meramente por nossa constituição emocional. Mas isto corresponde exactamente à diferença entre hipótese e raciocínio a partir da definição para o definitum, e assim poderia parecer que a emoção não é outra coisa que sensação.

Chiça que há gajos com umas cabecinhas munta complicadas.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Razões de Peso

tyrab

Tyra Banks, a primeira mulher negra a aparecer numa capa da GQ, mais tarde nomeada por esta revista Mulher do Ano 2000, e finalmente Supermodel of the Year 2000, foi despedida pela marca de lingerie Victoria’s Secret (onde aliás tinha sido a primeira mulher negra a pousar na capa do catálogo deles). Qual a razão? Ganhou uns quilitos a mais e as suas mamocas deixaram de servir nos modelos da VS. Estou desolado...

Mas lembrei-me que esta filosofia da VS poderia ser facilmente aplicada ao nosso dia a dia. O presidente Jorge Sampaio em vez de nos fazer perder tempo alegando razões abstractas para a dissolução do Governo, podia ter calmamente explicado que os mandou embora porque o Santana Lopes estava mais pesado que há 4 meses atrás; ou que o Portas já não cabia nas camisas que manda fazer de propósito para si; ou mesmo que que todo o executivo apresentava uma preocupante tendência para a obesidade mórbida.
Na Quinta das Nulidades, por exemplo, os cromos seriam expulsos (não sem antes terem sido devidamente espancados por uma tribo somali devidamente untadinha com aquele unguento revigorante) se a sua gramagem excedesse o peso que tinham no dia de entrada. Nesta altura já não teríamos que levar com aquela estucha de programa porque a maioria deles, principalmente elas, engordaram que nem uns alarves (a própria Julia Pinheiro já tinha marchado há muito).

Se o aumento peso constituísse despedimento por justa causa os indíces de desemprego em Portugal chegariam próximos dos 80%, o que nos evitava imensa chatice no trânsito: aqueles gajos que entopem as cidades a deslocar-se de e para o trabalho ficariam sossegadinhos em casa a engordar, ou então passavam a fechar-se no ginásio até poderem voltar a trabalhar.
Mas era no domínio familiar que esta medida apresentava maior potencial: imagine pôr-se o conjuge com dono porque está 10 quilos mais pesado desde o casamento; ou impedir a visita da sogra porque está 10 gramas mais pesada desde que a vimos pela última vez (com a sogra até um aumento de 5 gramas já era perfeitamente justificável); ou ainda mandar os putos para uma clínica de emagrecimento durante uns meses valentes (oh vida santa!).

Uma coisa é certa, seríamos concerteza um povinho bem mais elegante.

domingo, dezembro 12, 2004

A Razão do Zapping

zapp

Muitas vezes me interrog0 sobre o fascínio de empunhar um comando em frente a um televisor e desatar a ............................................................................ revelaram que o aquecimento global pode provocar uma grande arrefecimento no ............................................................................ e as entradas custam seis euros para adultos e são grátis para as crianças até .............................................................................................. há sempre um cão corajoso que aparece onde menos se espera: o valente cão azul ultrapassou a toda a velocidade o ...................................................................................... pare um pouco na Boca do Inferno para admirar a força do mar que, ao embater nas rochas em dias de ............................................................................... estes dois bólides vermelhos, desfigurados, nada fiáveis, as regras eram simples.................................................. acusaram Donald Rumsfeld de não ter planeado devidamente a reconstrução do .............................................................................. converteu-se na principal fábrica do mundo graças à mão de ...................................................................................... ou seja, a primeira hora de negociação após anúncio do Presidente da Repu............................................... foram despronunciados para julgamento. O Ministério Público e a assistência da Casa ................................................................................. o trio calculava a velocidade da bola na roleta e fazia apostas ganhadoras usando seis .................... que lhe atirou com um cinzeiro à cabeça quando ele fez uma saúde às damas de honor e ateou ............................................... porque cabe nos soundbites dos telejornais onde não cabe o tempo de um ..................................................................... pelo menos para a maior parte dos cabelos brancos do patriarca.
Pessoalmente acho uma forma de auto-embrutecimento. Mas há razões para tudo...

sábado, dezembro 11, 2004

Razões Projectuais

200155306-001

Todos sabemos que os portugueses são um povo pouco previdente. “Deixa para amanhã o que podes fazer hoje” é uma espécie de lema nacional que se estende a várias esferas da nossa sociedade (e a alguns cubos também, embora estes prefiram manter o anonimato). Até o nosso Presidente da República se rege por este princípio, como vimos ontem na sua sessão de esclarecimento.
No entanto, convivendo fraternalmente com este compulsivo adiar da realidade que nos torna um país cronicamente adiado, existe o “projecto”. Reparem que toda a gente tem “um projecto”. O projecto, na sua versão lusitana, é uma espécie de declaração de intenções daquilo que vamos fazer amanhã, porque hoje não estamos lá com grande pachorra para essa merda. Por isso em Portugal o projecto encontra o ecossistema perfeito para proliferar até à inconsciência. Está tão banalizado que já nem se chama projecto, é normalmente conhecido entre nós por “pejecto”.

A virtude do pejecto é podermos usá-lo como se fôssemos fazer alguma coisa com ele, e depois abandoná-lo por um qualquer motivo que nos apeteça: a razão de existência do pejecto é não passar disso mesmo, e portanto qualquer razão é boa para acabar com ele.

Os gajos que melhor desenvolveram a sua utilização, os verdadeiros virtuosos do pejecto, são os políticos. Os pejectos políticos proliferam por aí, cada um deles adiando o país à sua maneira. Mas na realidade toda a gente tem um pejecto: é vulgar eu ouvir a malta dizer que o pejecto deles é trabalharem para ganhar dinheiro suficiente para terem uma vidinha boa mais tarde – o chamado “pejecto de vida adiada” - vai ser triste vê-los aos 65, atascadinhos em Parkinson, sem saber porque raio se esfalfaram a trabalhar. Tenho um amigo cujo pejecto é tornar-se “cabeleireiro do baixo ventre” em Saint Tropez e ganhar a vida a fazer cortes artísticos nos pelos púbicos da população feminina da zona. Outro ainda tem o pejecto de ombrear com o John Holmes – já vai na quarta plástica, e está com o andar cada vez mais esquisito. Enfim... os pejectos são como as pilinhas, toda a gente tem um, e quem não tem está activamente a procurá-lo (evitem fazê-lo nas discotecas, a fraca luz e o vosso nível de alcoolémia pode induzir-vos em erro).

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Razões Plausíveis

woody

Não se devem levar as críticas demasiado a sério. O meu primeiro conto foi asperamente atacado por um crítico em particular. Fiquei chocado e fiz algumas considerações cáusticas a seu respeito. Um dia, porém, reli a história e concluí que ele tinha razão. Era mal construída, superficial.

Nunca mais esqueci o incidente e, anos depois, quando a Luftwaffe bombardeava Londres, pus uma luz apontada à casa do crítico.

Woody Allen, in Efeitos Secundários

quarta-feira, dezembro 08, 2004

A Razão de Disney

steamboatwillie

O Pato Donald está à espera do processo de divórcio que determinará a custódia dos seus sobrinhos depois de ter apanhado a Margarida a bombar com o Gastão, no carro deste.

Huguinho está numa clínica de recuperação pela terceira vez no espaço de 2 anos e não consegue largar o pó.

Zézinho apresenta manifestos sinais esquizóides com pequenos episódios de paranóia, que se têm vindo a agravar nos últimos meses. Os anti-depressivos e as drogas reguladoras surtem cada vez menos efeito.

Luísinho está viciado na internet, passa a vida a escrever para estranhos nos chats e a ler posts em blogs, a sua vida social resume-se a um “bom dia” ao carteiro que diariamente lhe devolve as cartas de apoio que insiste em escrever para Pedro Santana Lopes.

Gastão anda numa maré de má sorte desde que foi apanhado pelo Pato Donald, investe mensalmente toda a sua pensão de invalidez no Euromilhões e vive da caridade de amigos e dos favores sexuais de Margarida.

O Tio Patinhas está nas lonas, depois da Manuela Ferreira Leite e do Bagão Félix lhe terem torrado a fortuna com impostos, viu-se envolvido num escândalo de patofilia e está neste momento constituído arguido no processo Pata Pia. A sua principal testemunha de acusação é Zézinho, que o acusa de práticas pouco ortodoxas com a sua moedinha da sorte em orifícios pouco claros.

Clarabela descobriu a sua verdadeira sexualidade e vive em concubinato com a Minnie. Estão neste momento em Los Angeles a casar-se. O seu próximo sonho é adoptarem uma criança orfã, e mudarem-se para um monte alentejano onde vão criar São Bernardos e viver da agricultura biológica.

Margarida não sabe o que fazer da vida desde que foi apanhada no flagra pelo Pato Donald. Encharca-se em drogas anti-depressivas. Passa a vida na bruxa. Não consegue aguentar um emprego por mais de seis meses. Tem um comportamento sexualmente errático: já bombou com toda a população masculina de Patopólis, experimentou ainda com alguns animais, e está a pensar mudar-se para Gotham City onde irá tentar encontrar o homem da sua vida junto dos heróis da Marvel.

Os irmãos Metralha estão desempregados e a viver do fundo de desemprego. Passam a vida entre entrevistas de emprego e o balcão da tasca mais próxima, onde estoiram o dinheirinho todo em bebida.

O rato Mickey comprou uma vivenda a que chamou de Grace Polis, mais parecida com um parque de diversões, e passa a vida por lá a divertir-se com ratinhos e ratinhas menores. Diz-se que dorme com elas, mas ele nega. Desde que fez uma plástica à cara, há 5 anos, em que ficou com aspecto de rato albino, que não consegue fazer nada para a Disney. O contrato expirou há 2 anos e eles não parecem interessados em renová-lo.

O Pateta e o Peninha decidiram dedicar-se a um negócio rentável e montaram um site porno na net onde pela módica quantia de 2 euros se pode ver a Maga Patalógica e a Madame Min em sessões de strip contínuas através de webcam.

O Zé Carioca abandonou o Rio de Janeiro depois de ter sido assaltado e espancado pela enésima vez. Dedicou-se ao futebol e protagonizou a transferência mais cara de sempre o ano passado, quando se mudou para um clube espanhol.

O Mancha Negra ninguém sabe dele. Há quem diga que o vê por vezes no Cais de Sodré a aliciar as tiazocas que entretanto se mudaram todas as noites para lá porque é moda, e porque aumentam as suas possibilidades de serem violadas repetidamente por um grupo de marinheiros somalis devidamente untadinhos de pau de cabinda.

Se Walt Disney soubesse, nos anos 30, o que a sociedade faria às suas personagens, vocês acham que ele teria alguma razão para fazer o «Steamboat Willy»?

Razões Sexagenárias

granny

Três sexagenárias foram apanhadas recentemente a transportar uma valente carga aérea de cocaína da Venezuela para o Alentejo. Seria lógico pensar-se que, se a carga não tivesse sido apreendida, os cantares alentejanos ganhariam outro vigor e ombreariam com qualquer hit do Eminem.

Quais as razões que levam 3 avózinhas a fretar um avião atestado de coca para uma pacata vila alentejana? Consigo enumerar algumas:

- As reuniões de tupperware estavam a ficar desinteressantes.

- Baralharam-se todas e acharam que estavam a transportar açúcar para os bolinhos da quermesse.

- Era um souvenir da Venezuela para distribuir pelos amigos e vizinhos.

- Ouviram dizer que fazia bem ao reumático.

- Era uma encomenda do padre da paróquia.

- Era uma promessa.

- Para pôr nas rações do gado, que andava a render pouco.

- Porque não havia mais nada de interessante para comprar.

terça-feira, dezembro 07, 2004

A Razão Castelhana

flag

Se vos perguntar qual é o povo mais bárbaro de todos os tempos decerto que a maioria de vós vai referir o povo alemão, com aquela língua abrutalhada falando aos berros, agitando de um lado para ou outro uma caneca de cerveja enquanto entoa cânticos de origem nórdica, com a mania que são superiores aos outros, coisa que já deu merda por duas vezes no século passado. Mas a realidade é que o povo alemão é um injustiçado: o facto de terem reentemente feito merda duas vezes seguidas, provocando guerras mundiais lixou-lhes a imagem de poetas, filósofos e músicos que conquistaram ao longo dos 3 últimos séculos.

Os verdadeiros bárbaros do planeta, consistentemente ao longo de gerações, são estes gajos que vivem aqui ao lado, os espanhóis. E não pensem que por andarem aparentemente quietinhos nos últimos 70 anos (ao contrário dos alemães, coitados) a malta se esquece do que vocês andaram práqui a fazer desde os Reinos de Castela e Aragão.

A malta hoje queixa-se da Al Qaeda (até os próprios espanhóis se queixam, com toda a razão) mas na realidade o que estes energúmenos fizeram ao longo dos tempos não anda muito longe dos fanáticos islamitas, senão vejamos alguns exemplos:

A dada altura decidem desatar a fundar merdas na península ibérica e desatam a chacinar os mouros, que já cá estavam antes deles, até conseguirem pô-los definitivamente fora da península. Tiveram azar na fruta quando uma lolita deu à luz um gajo que tinha a mania que havia de ser rei de alguma coisa e que acabou por fundar (e ainda bem, meus amigos, ainda bem) Portugal.

Noutra altura, em Tordesilhas, decidem dividir o mundo ao meio connosco e chacinam tudo o que encontram pela frente, na parte de mundo que lhes coube descobrir: se juntarmos os Astecas, os Incas, os Maias chacinados pelos espanhóis, veremos que o genocídio nazi foi uma brincadeira de crianças.

Não contentes com a merda que fizeram, inventam o primeiro franchise: a Inquisição. Acabam com a élite cultural do país, roubam o dinheiro todo aos judeus e, num exercício de puro fanatismo religioso que deixaria a Al Qaeda com complexos, desatam a queimar gente como bríquetes. Franchisam poucos anos depois para Portugal este conceito que, como país de cabotinos provincianos, querem copiar tudo o que vem de Espanha (uma tradição que perdura até aos dias de hoje, se olharmos para a quantidade de franchises espanhóis que há espalhados por este país).

Depois, no reinado dos Filipes, decidem que querem mandar nesta merda toda e desatam a ocupar, pilhar e matar à escala multinacional. Nós nessa altura temos o azar de ter um puto charila no poder que decide ir de peito feito de encontro a uma parede de árabes em Alcácer Quibir. Lixou-se. E lixou-nos durante 60 anos porque tivemos que levar com os espanhóis a mandar no país.

Durante o tempo em que governaram Portugal os espanhóis não investiram aqui um tostão e deixaram a coisa numa espécie de auto-gestão controlada. A malta que hoje se queixa que o país andou parado 4 meses com a gestão desastrosa do Santana Lopes devia ter estado 60 anos a levar com os espanhóis para ver o que era doce. 60 anos! Houve duas gerações de portugueses que nasceram e morreram com o castelhano como língua oficial do país.

No início do século XX a guerra civil mais bárbara da Europa onde foi? Na Ex-Jugoslávia? Nãããã! Foi em Espanha claro. Não só se dizimaram entre si como ainda deixaram os nazis ensaiarem tácticas e maquinaria de guerra para fazerem merda no planeta uns anitos mais tarde. Graças aos nossos amigos espanhóis Hitler aperfeiçoou formas de matar.

Vocês acreditam que esta malta que viveu como um predador ao longo dos últimos 800 anos está, de repente, diferente só porque usam a mesma moeda que nós? Então reparem no modo condescendente com que tratam os portugueses, e tudo o que é português para perceberem que continuam a ser os mesmos bárbaros javardolas que nós aturamos desde que somos nação. E já agora quando comprarem no Corte Inglês, na Massimo Dutti, na Zara, e numa série de outras marcas lolitas que andam por aí lembrem-se de gritar em de gritar alto e em bom som: LEVAM-ME A MASSA, MAS NÃO ME LEVAM A RAZÃO, COÑOS!

segunda-feira, dezembro 06, 2004

Razões Plásticas

Dogs

A auto-estima de um povo devia poder medir-se em função do número de operações plásticas que esse povo faz por ano. O Brasil seria decerto o país com a auto-estima mais depauperada do planeta, a julgar pela quantidade de vezes que o stock de silicone acaba neste país.

Inevitavelmente, a febre do botox e do silicone, acabou por chegar ao nosso paízinho, e por atingir proporções que, no mínimo, poderão ser consideradas de doentiamente preocupantes. Que Portugal é um país onde a auto-estima atinge valores abaixo do nível das águas já eu sabia: para além do Fado, somos os maiores consumidores europeus de anti-depressivos, fumamos que nem uns alarves, e bebemos em barda. E como nada disto já nos anima muito decidimos agora banalizar a cirurgia plástica para ver se nos sentimos melhor dentro deste corpinho com que nascemos. Os culpados disto tudo foram os cromos do nosso Jet 6, que aparecem em festas e programas de televisão para ganharem dinheiro para a próxima plástica.

A filosofia parece ser “minadinhos por dentro mas munta lindos por fora”. A coisa está a ser levada de uma forma tão natural que em vez de se fazer uma vidinha saudável, comer equilibradamente, ir ao ginásio, fazer um footingzinho, ou outra porcaria qualquer que ajude a carcaça a deteriorar-se mais devagar, faz-se uma plástica. Tiram-se os papos dos olhos, os pneus da barriga, aumentam-se ou diminuem-se as mamas, engrossam-se os lábios, esticam-se as peles, empina-se rabo et voilá!

A plástica está para este início de século como a aeróbica estava para os anos 90.

As consequências deste embelezamento geral estão à vista. Basta ligar na TV Cabo (canal Lili Caneças), ou olhar para a Cinha Jardim à saída da Quinta das Nulidades para perceber como vai ser a nossa 3ªidade daqui a alguns anos: uns velhotes todos repuxados, cheios de auto-estima e de pequenas cicatrizes, a quererem enganar-se a eles próprios. Se a malta se distrai ainda engata a bisavó de alguém numa discoteca.

sexta-feira, dezembro 03, 2004

As Razões Secretas do Pai Natal

Santa

Se há figura duvidosa no imaginário infantil ocidental é o Pai Natal. Um velhote que vive sózinho no Pólo Norte 12 meses por ano, explorando um grupo de duendes miseráveis que lhes fabricam os brinquedos em horários laborais inexplicáveis (aqueles pequenos seres têm mesmo que trabalhar muito para satisfazer as encomendas de milhares de milhões de crianças pelo mundo inteiro).

Depois há a questão das renas, sendo a mais conhecida a rena Rudolfo, que tem por característica um nariz vermelho. Nunca nenhuma criança se pergunta porque diabo é que precisamente aquela rena tem o nariz vermelho. E ainda bem, porque senão os paizinhos teriam que explicar que a rena é alcoólica, que afoga no álcool a frustração de ser a preferida do Pai Natal que, por não existir Mãe Natal, tem que arranjar maneira de libertar as suas pulsões sexuais. Enfim, uma verdadeira história de miséria e de exploração que é anualmente embelezada e transmitida de geração em geração.

Finalmente a questão das prendas. Partindo do princípio que «não há almoços grátis», porque raio é que o Pai Natal oferece presentes às criancinhas? Qual a razão que o leva a agir desta forma? O que é que ele ganha com isso?
É caso para perguntar aos paizinhos como reagiriam se um estranho desatasse a oferecer, todos os anos, prendas às suas criancinhas? Podemos sempre alegar que o Pai Natal não é um estranho, mas… já alguém o conheceu pessoalmente? Já foi lá a casa jantar à vossa mesa?

Pelo sim pelo não este ano armadilhei a minha casa: pus uns espigões na chaminé movidos por sensores de movimento; electrifiquei os caixilhos das janelas; e untei o telhado de sebo. Podes vir pederasta!! Estou à tua espera!!

quinta-feira, dezembro 02, 2004

A Razão do Protesto Documental

documentarios

Há uns anos atrás a malta quando protestava fazia-o à séria. Veja-se o caso dos franceses que protestaram em 1798 contra o regime absolutista monárquico e como resultado desataram a guilhotinar cabeças; ou os checos, que desataram à porrada com os soviéticos na Primavera de 1968; ou os nossos rapazes do PREC que arriavam à grande e à francesa em prol do Processo Revolucionário em Curso.

Protestar era sinónimo de uma valente cena de porradaria que fazia parecer qualquer filme com o Bruce Willis uma produção de cinema infantil.

A coisa começou a correr mal com o protesto hippie, era tudo paz e amor, e protestar era apenas mais uma razão para fumar uns charros e fazer nenhum (de vez em quando cantavam-se as “protest songs” da praxe, que era uma maneira bem gay de protestar, deixem-me que vos diga).

Ultimamente deixou-se de cantar e de andar à porrada e desatou-se a fazer o protesto documental: filmam-se umas coisas, manipulam-se q.b. para dar um arzinho intelectual à coisa, e diz-se mal disto e daquilo, daquele e do outro, e pronto – fez-se um filme de protesto. E aparentemente a coisa resulta! Eles ganham festivais, eles têm audiência, e a malta faz fila e paga para ver o protesto. Inventou-se o protesto pago: não só a malta não se arrisca a levar com uma trave pela cabeça abaixo como ainda ganha dinheiro por protestar.

Então não era melhor o Michael Moore apanhar o George Bush à saída da Casa Branca e arrear-lhe um camaçal de porrada que o deixasse a chupar por uma palhinha nos próximos 4 anos? Não era melhor o Morgan Spurlock enfiar cirurgicamente todo o menu McDonalds (pepinos e tudo) pelo rabinho acima do patrão mundial da McDonalds, o sr. Skinner?

Como o cinema em Portugal anda sem apoios, lembrei-me que talvez esta seja uma boa ideia de gerar dinheiro para se deixarem de produzir filmes de plano único, ou daqueles em que se tapa a camera por alegada falta de verba (e por falta de talento?). Deixo aqui algumas sugestões de temas de documentários de protesto que tornarão os nossos conceituados cineastas em autênticos “caça-prémios” dos festivais internacionais de cinema:

- Onde está o meu queijo? – um documentário sobre um gajo que vive na Serra da Estrela e que, por decisão da Comissão Europeia, vai ter que deixar de fazer Queijo da Serra porque o processo manual de produção é legislativamente abolido.

- Queres brindes? Vai à Ferrero! – um documentário sobre um produtor de bolos-rei que teve que deixar de incluir o brinde e a fava no processo de produção devido à legislação europeia quanto à segurança dos alimentos (quantos milhares de portugueses já morreram com um brinde de bolo-rei atravessado nas amigdalas??)

- Queres saúde? Compra! – um documentário sobre um gajo que desconta para a segurança social e que na altura da sua reforma descobre que não há dinheiro, e que mais valia era ter descontado a dobrar: para a segurança social e para o seu próprio plano de saúde.

- Mostra-me o dinheiro! – um documentário sobre um tipo que vê 40% do seu ordenado a ir para o Estado todos os meses, e que sempre que compra qualquer coisa tem que dar mais 19% para reduzir um défice causado por gestão danosa do Estado.

Decerto que a Secretaria de Estado das Artes e Espectáculos (ou lá o que isto se chamar no novo Desgoverno) terá razão em estar interessada em mais sugestões que vocês se lembrem.

terça-feira, novembro 30, 2004

A Razão dos Americanos

redneck

Numa das minhas idas a Inglaterra ouvi uma turista americana perguntar a um descontraído velhote londrino “How beautifull… is that building pre-war?”, “No Milady” respondia ele com um ar enfastiado “It’s pre-America.

Os americanos são, como sabem, um dos povos mais abertos do nosso planeta: têm uma noção globalizante do mundo que os rodeia; são curiosos por descobrir e aprender com outras culturas; falam uma quantidade de línguas diferentes; têm uma perspectiva muito espiritual do mundo; e acreditam que dentro de cada um de nós há um americano a querer saír.
Ultimamente este maravilhoso povo tem vindo a observar uma queda de popularidade no mundo ocidental e anda a lidar mal com o facto. De país dos bravos e pátria dos livres passaram, nos últimos anos, a ser vistos como uns cabotinos mimados que gostam de se armar em polícias do mundo.

E então decidiram fazer aquilo que qualquer cabotino mimado faria no lugar deles: um livrinho de bolso que os ajudasse a lidar com tudo aquilo a que não é americano.
O livrinho tem um nome pomposamente americano, claro está, e contém todas as informações necessárias para se poder circular pelo planeta na condição de americano. Hilariante… eles é que têm razão.

Se houver por aí algum americano com problemas em lidar com a cultura portuguesa (já não bastam os portugueses a lidar mal com a sua própria cultura), pode fazer o download desta pequena pérola da civilidade pluricultural aqui.

A Razão do Dinheiro

Nicole
A Nicole Kidman entrou no livro de recordes do Guinness 2005. Foi pelo número de prémios que ganhou como actriz? Não. Foi por ter as pernas mais longas da história do cinema? Não. Foi por se ter separado do mastuço do Tom Cruise? Também não.
A razão para a senhora entrar no livro de recordes deve-se ao facto de ter recebido o maior cachet publicitário de sempre num anúncio de publicidade da Channel nº5. A jovem talentosa Nicole recebeu a módica quantia de 2,8 milhões de euros num filme publicitário que no total valia 20 milhões de euros. Numa altura em que em Portugal se fazem “grandes produções” por 100.000 euros, parece-me que não há razão de andarem a veicular estas notícias nos jornais portugueses. É a mesma coisa que mostrar um delicioso bolo de chantilly a um desses meninos dos campos de refugiados e depois dizer-lhe que vá comer a côdea bolorenta que guardou debaixo do cobertor esburacado. Não há razão

A Razão dos Cardiologistas

cardiologista

Vi há pouco tempo num telejornal que o hospital de Portalegre está sem cardiologista. Já fizeram trinta por uma linha para recrutar um cardiologista mas nada. Não há em Portugal um único cardiologista que queira ir trabalhar para Portalegre.

Fui indagar porque razão é que esta categoria médica se recusava a trabalhar num hospital distrital do Alto Alentejo e entrevistei alguns cardiologistas. A maior parte deles afirmou não abdicar de uma vidinha fácil em Lisboa ou no Porto onde podem fazer umas horitas no hospital e ganhar mais algum por fora em vários consultórios médicos. Alguns disseram que não aguentavam o frio e que a casa que estava disponível em Portalegre não tinha aquecimento central. Outros não gostavam (?) da gastronomia alentejana. Alguns ainda queixavam-se de dores no artelho. As razões enunciadas foram muitas.

O que vai acontecer provavelmente em Portalegre é contratar-se um cardiologista espanhol. Esses aparentemente têm ainda presente o juramento de hipócrates e fazem medicina porque provavelmente acham que é uma maneira de dar uma melhor qualidade de vida a quem precisa. Em Portugal a medicina serve para dar qualidade de vida a quem a pratica.
E quando o tal cardiologista espanhol chegar a Portalegre, e se sentar na sua secretária, iremos ouvir um chorrilho de queixas ressabiadas, que isto está entregue aos espanhóis e que qualquer dia falamos todos castelhano. Esta é uma razão muito portuguesa: mais vale pobres, miseráveis e doentes do que ricos, construtivos e saudáveis.

domingo, novembro 28, 2004

A Razão do Picanço Criativo

picancos

Ser-se criativo numa agência de publicidade é lixado. 24 por 24 horas a debitar ideias sob pressão. As campanhas indexadas a objectivos de vendas e remuneradas em função de resultados. A gestão da agência completamente histérica com a performance da comunicação. O director criativo a querer ganhar mais prémios que os outros meninos das outras agências. É lixado… então alguns criativos recorrem à “ultimate inspiration”: o trabalho de outros criativos. E assim, num puro exercício de autofagia profissional, desatam a picar o trabalho de outros.

O picanço, meus amigos, é a ausência de razão. É ser-se anãozinho e andar-se às costas de outros pensando que se tem 2 metros de altura, e que afinal se devia ter feito uma carreira na NBA. É confundir-se a obra-prima do mestre com a prima do mestre-de-obras.