Durante os próximos 30 dias a Razão vai estar em imersão em águas tépidas, no perfeito e absoluto relaxe. Longe dos funcionários públicos, dos políticos de pacotilha, dos coçadores de micose do fundo de desemprego e dos tugas em geral. Durante este período estará em preparação o lançamento deste blog em versão livro. É verdade, em Outubro já poderão pagar por aquilo que sempre tiveram à borla! Até lá vão poupando uns cobres. Afinal, o que é menos uma bejeca por dia até ao fim das vossas esgazeadas vidas?
segunda-feira, agosto 21, 2006
A Razão Imersa
domingo, agosto 20, 2006
A Razão Cerebral
sábado, agosto 19, 2006
A Razão de Muita Gente
A todos os que aqui chegam por acaso; a todos os que aqui chegam e não fazem caso; a todos os que apenas querem divertir-se; a todos os que se irritam solenemente; a todos os que andam à procura do orgasmo, das prostitutas na Madeira e dos sonhos com cenas esquisitas; a todos os que acham que o cliente tem sempre razão e a todos os que não; a todos os que vêm cá por uma ou outra razão, ou mesmo por razão nenhuma; a todos os que lêem sem comentar; a todos os que comentam sem ler; a todos os que comentam religiosamente; a todos os que têm razão; a todos os que andam à procura de razão, e a todos que não encontram razão alguma:
Bem hajam!
Graças a estes todos «A Razão tem sempre Cliente» ultrapassou, na passada semana, os 100.000 visitantes (foi uma ultrapassagem pela esquerda, com direito a pisca pisca, e totalmente dentro das regras de trânsito descritas no último Código de Estrada). Já não é qualquer estádio de futebol nacional que aguenta com 100.000 marmanjos. A Razão, construída sem subsídios estatais e sem o dinheiro dos contribuintes, aguentou com eles todos. Venham mais 100.000.
sexta-feira, agosto 18, 2006
A Razão Alheia
quinta-feira, agosto 17, 2006
A Razão da Lista
O Estado, essa abstracção incómoda, publica hoje mais uma lista de ovelhas negras. Desta feita, iremos ver nos jornais de amanhã os principais devedores à Segurança Social, cerca de um mês depois de ter sido publicada a lista dos principais devedores de impostos.
O que é curioso é que as listas só são feitas num sentido: não são listados os casos de dívidas do Estado aos contribuintes. Talvez porque os montantes das dívidas do Estado ultrapassem, em muito, o total das dívidas dos contribuíntes ao Estado.
Na linha deste bufanço estatal listado, sugiro que se publiquem também as seguintes listas:
- Lista das dívidas do Estado aos contribuintes.
- Lista das dívidas do Estado à Segurança Social.
- Lista das empresas contratadas pelo Estado que faliram por atraso de pagamento do próprio Estado.
- Lista dos pagamentos do Estado com mais atraso.
- Lista de assiduidade dos deputados da Assembleia da República.
- Lista de assiduidade dos funcionários públicos.
- Lista dos funcionários públicos com mais baixas.
- Lista dos funcionários públicos que fazem mais greves.
- Lista dos labregos que estão há mais tempo inscritos no fundo de desemprego.
Enquanto o Estado se comportar com um daqueles putos bufos que foram, em tempos, nossos colegas de escola, não prevejo que o estado da nação melhore. Nem com listas bufas.
quarta-feira, agosto 16, 2006
terça-feira, agosto 15, 2006
A Razão do Contra
São contra os hotéis nas traseiras do sol posto; contra os quartos com vista para o saguão e aspiradores a arranharem a porta às 9 da manhã. São contra os taxistas amigos dos porteiros e as gorjetas de mão estendida; são contra os champôs oferecidos com cheiro a pastilha elástica; são contra os mini-bares fechados à chave, contra as alcatifas decoradas por traças e queimaduras de beatas; são contra as almofadas de esponja sintética com um chocolate de 0% de cacau em cima; são contra os hotéis com conferências de industriais do calçado e simpósios internacionais; são contra o comando de televisão com capa de plástico e sem pilhas, contra os canais eróticos pagos e, já que o tema é abordado, contra férias em frente à televisão. São contra os pequeno-almoços que acabam im-pre-te-ri-vel-men-te às dez da manhã, a não ser que tenham uma flor, café, doce e croissants de plástico, esses podem acabar agora mesmo. São contra a falta de escolha, o sumo de laranja concentrado e a «cozinha já fechou». São contra só haver cereais para crianças. São contra os pêlos de outras origens e outras espécies à solta em lençóis e banheiras. São contra a mesquinhez, «vão-me cobrar por uma rodela de limão?»; são contra portas que não fecham e janelas que não abrem. São contra o ar condicionado avariado precisamente no frio e cortinados que combinam com as colchas. São contra a desumanização dos números e não saber onde raio é que fica o quarto nº425, em que andar, em que ala e para que lado. São contra as wake-up-calls com tolerância de uma, duas horas. São, caros senhores burocratas, contra check-ins que exigem grupo sanguíneo, profissão da avó, curriculum e carta de recomendação. E pó, são contra o pó arqueológico já enraizado na espessura do abajour, dos móveis e dos próprios empregados. São contra o mau humor e os seus devotos praticantes. São contra canalizações-surpresa, ou seja, a torneira que abre a água do lavatório e autoclismos responsáveis por pequenos dilúvios. São contra centros de mesa com fruta que parece mesmo verdadeira. São contra aquela voz irritante e indetectável que fala 57 decibéis acima do normal e insiste em dizer «amazing!» de duas em duas palavras. São contra o fiambre da espessura de uma fatia de pão. São contra o mais ou menos e o «comme ci, comme ça». Contra a vida repetida e atabalhoada. São furiosos defensores de algo completamente diferente.
E eu sou completamente a favor deles.
domingo, agosto 13, 2006
A Razão de Ler as Gordas
Há malta que gosta de ler as gordas. Saem de casa e, no caminho para o emprego ou para a praia, lêem umas gordas. Pessoalmente acho isto fabuloso, porque eu nunca consegui ler nenhuma gorda em toda a minha vida. Das poucas vezes que tentei ler umas gordas acabei indiciado por assédio sexual. Com as magras não tive sorte diferente.
sábado, agosto 12, 2006
A Razão do Decreto
É proibida a venda e consumo de bebidas alcoólicas:
a) a menores de 16 anos.
b) a quem se apresente notoriamente embriagado ou possuir anomalia psíquica.
Decreto lei 9/2002 de 24 de Janeiro
Mas é a alínea b) do decreto que torna as coisas mais subjectivamente preocupantes: o que é estar notoriamente embriagado? É levar atrás de si todas as mesas e cadeiras de um estabelecimento enquanto se ziguezagueia abrutalhadamente para a casa de banho? É não se conseguir pronunciar com uma dicção irrepreensível a próxima bebida? É não se conseguir fixar um ponto no espaço porque a merda do bar parece o interior de uma centrifugadora? Isto do «notoriamente embriagado» faz-me espécie porque, como sabemos, é ténue a fronteira entre o «levemente embriagado» e o «notoriamente embriagado», por vezes basta meio whisky para se passar de um estado a outro. E o que é suposto fazer nestas circunstâncias? O decreto não explica (uma característica muito peculiar de todos os decretos, aliás...).
Finalmente a questão da «anomalia psíquica»: que merda vem a ser esta? É um tipo que avia copos que tem o discernimento de identificar anomalias psíquicas nos seus clientes?
E depois há a questão do tipo de anomalia psíquica – é que nem todas são iguais. Um tipo que se baba copiosamente para cima do balcão é mais grave do que outro que sofra da síndrome de tourette e que solte um palavrão de 10 em 10 segundos? Já não basta a discriminação de um anormal não poder beber um shot, como o decreto ainda suscita discriminação entre os vários tipos de anormais. Significará isto que o Sócrates e todo o seu executivo não têm direito a beber nada alcoólico neste país? O decreto não explica.
domingo, agosto 06, 2006
sábado, agosto 05, 2006
A Razão da Confusão
Hoje em dia, se não estás confuso é porque não estás a pensar com clareza.
quarta-feira, agosto 02, 2006
A Razão das Tias
Um dia, jovens estudantes de sociologia lusa irão estudar um fenómeno persistente com início no final do século XX, que se arrastou pelo século seguinte adentro, contaminando várias gerações de labregos portugueses. O fenómeno, de nome «tia», será objecto das mais variadas teses, e acabará sem uma explicação passível de tranquilizar as mentes mais metafísicas. Isto porque o fenómeno «tia», de origem e evolução perfeitamente circunscrita ao território nacional, nunca teve ele próprio nada de metafísico.
Os aplicados estudantes aprenderão que, após um período designado por «revolução dos cravos», período fértil em badalhoquice devassa disfarçada de fervor ideológico, surge uma classe de gente que se tornou o verdadeiro paradigma do equívoco nacional e cuja característica dominante era a madeixa de cabelo descorada a brotar de um coiro cabeludo que escondia uma caixa craniana anormalmente dimensionada para a quantidade de massa cinzenta que albergava.
Quando estudarem o seu papel na sociedade verão que na maioria dos casos se traduziam na escolha do papel de parede, porque apesar de não terem qualquer formação académica (ou outras) todas foram, nalguma altura da suas vidas, decoradoras de interiores.
Verão também que o estatuto de «tia» lhes era conferido, não por um desígnio superior, mas pelo simples facto de terem conseguido «acasalar bem», um conceito muito explorado entre (e por) elas, que consistia em caçar um papalvo com dinheiro e/ou com «nome». Subentenda-se «nome» como um conjunto infindável de apelidos, ligados por muitos «des», «das» e «dos», se possível com alguns hífens, e de origem gaélica.
Porém, a componente mais complicada do estudo da «tia» será a psicológica. Isto porque os jovens estudantes ficarão completamente atordoados com o facto de não encontrarem qualquer registo, para além da visão monolítica de Margarida (de) Rebelo (de) Pinto, sobre o que este grupo de seres pensava. Descobrirão, no entanto, que as «tias» dominavam com relativa facilidade o idioma português, sendo capazes de utilizar vocábulos com algum grau de complexidade. A palavra fucsia, por exemplo.
Mas será o tema da sexualidade que tornará o estudo da «tia» em algo mais interessante que a análise da reprodução do esturjão em época estival. Aprenderão então que, para a «tia», o acto sexual não era mais que um constatar do efeito que o último implante ou redução provocava no macho que o tinha pago. E que a consequência destes acasalamentos arbitrários provocavam outro paradoxo social: a «tia» como mãe. Mesmo como mãe a «tia» continuava a ser tia, o que permitia assegurar a continuação da espécie.
Por causa das «tias», um dia, muitos jovens estudantes de sociologia lusa irão perceber que mais valia terem dedicado o seu tempo ao estudo da influência do pepino verde nos hábitos alimentares mediterrânicos.