sexta-feira, junho 27, 2008

A Razão das Operações Policiais

operação policial
Existe um problema de imaginação na polícia portuguesa. E isso reflecte-se no nome que dão às várias operações policiais que de vez em quando desempenham. Se repararmos bem, a designação das operações policiais têm duas características: ou são sazonais ou cataclíticas.

As designações das operações sazonais são aborrecidamente iguais: Operação Ano Novo, Operação Carnaval, Operação Páscoa, Operação Férias de Verão, Operação de Natal e finalmente aquela Operação que é quando um chui quiser: Operação Stop.

Todos os anos é sempre a mesma coisa, com pequenas variantes que consistem no ano em que decorre a operação, e na qualificação que se queira atribuir. Assim sendo podemos ter a «Operação Páscoa 2008» ou a «Operação Natal em Segurança». Ora isto, para além da falta de imaginação, é de uma pobreza intelectual a toda a prova. Realmente percebe-se porque raio um sem número de gente decidiu fazer a sua vida agarrado a um cassetete em vez de colocar a sua imaginação a funcionar e dedicar-se a actividades mais criativas e lucrativas. Como os políticos, por exemplo, mas isso é outra história.
O que interessa reter aqui é que nunca ninguém se lembrou que uma operação policial, até por questões de motivação de própria força policial, não pode ser um papel químico da outra. E como tal não devia ter a mesma designação. Ao dar o mesmo nome às suas operações o que a polícia faz é dizer subliminarmente aos seus membros que é tudo mais do mesmo: o ano é diferente, mas a realidade é que a malta vai continuar a espetar-se toda na estrada como já é hábito.

Sob uma perspectiva de marketing, o facto das operações terem sempre o mesmo nome contribui para que, do ponto de vista do consumidor (entenda-se aqui por consumidor o gajo que vai pagar a multa por toda a infracção que cometa) é que é sempre tudo igual. Em marketing, quando tudo é sempre igual a malta deixa de reparar porque fica tudo a fazer parte da paisagem. E nessa perspectiva o mais certo é que a malta continue também a fazer tudo igual, o que contribui para as expectativas iniciais da polícia: « o ano é diferente, mas a realidade é que a malta vai continuar a espetar-se toda na estrada como já é hábito.» Conclusão: mais do mesmo.

De vez em quando há um polícia mais irreverente, com pretensões criativas, que tenta mudar o status quo e designar uma operação policial de uma forma diferente, mais criativa, mais arrojada, mais impactante. Mas mesmo assim a sua imaginação é precária. Quando as forças policiais tentam arranjar nomes originais para as suas operações acabam sempre por ir parar aos cataclismos da natureza. Estamos perante uma Operação cataclítica quando somos confrontados com designações como «Operação Furacão», «Operação Relâmpago» ou «Operação Tempestade». É curiosa a tendência que estes rapazes de azul têm para o desastre natural. No momento de encontrarem um nome para sua operação, descai-lhes sempre o chinelo para a desgraceira causada por mão não-humana. Vá-se lá saber porquê.

Tendo isto em conta, predispus-me a ajudar as nossas forças policiais e a pensar em designações que possam dar mais projecção mediática e, consequentemente, a gerar maior intimidação junto dos potenciais prevaricadores.

Sugestões para as futuras Operações de Ano Novo:
- Operação Começas Bem
- Operação Multa Nova
- Operação Champanhe a Mais

Sugestões para as futuras Operações de Carnaval:
- Operação Folião Fodido
- Operação Vais Levar C’o Martelinho
- Operação Corso Etilizado

Sugestões para as futuras Operações de Páscoa:
- Operação Coelhinho Sodomizado
- Operação Somali de Chocolate
- Operação Ovinho Surpresa

Sugestões para as futuras Operações Férias de Verão:
- Operação Vou-te Deixar em Monokini (ou Operação Só Te Deixo os Calções)
- Operação Vais Bronzear-te aos Quadradinhos
- Operação Boazona Bêbeda

Sugestões para as futuras Operações de Natal:
- Operação Rena Rudolfo
- Operação Bais Lebar uma Prenda (para aquelas operações que decorram a norte do Tejo)
- Operação Uma Multa é Quando um Gajo Quiser

Sugestões para as futuras Operações Stop:
- Operação Ias Onde?
- Operação Zigezagues na Berma
- Operação Oh Vinho Larga o Homem

Sugestões para futuras Operações genéricas
- Operação Incha Pelintra
- Operação Arrefinfa-le
- Operação Está Bem Abelha Passa Pra Cá o Guito

quarta-feira, junho 25, 2008

A Razão de George Carlin

carlin
Sou um outsider por escolha mas nem tanto assim. É o facto do sistema ser desagradável que me mantém fora dele. Preferia estar dentro se o sistema fosse bom. É daí que provém o meu descontentamento. De ser forçado a escolher ficar de fora.
O meu conselho é: sigam em frente. De vez em quando, hão-de dar convosco noutro sítio.


terça-feira, junho 24, 2008

A Razão Incobrável

EDP
Percebem agora o sorrisinho manhoso no logotipo?

segunda-feira, junho 23, 2008

A Razão do Milagre da Educação

o milagre da educaçao
Portugal tornou-se esta semana um case-study mundial ao nível da educação. As consequências estão a tornar-se um caso sério: as fronteiras estão apinhadas de alunos estrangeiros a quererem leccionar em escolas portuguesas. Os voos para Portugal estão lotados até ao final de Agosto, preenchidos por milhares de altos-responsáveis pela educação vindos de todos os pontos do planeta para aprender com o Milagre Português da Educação. Convenhamos que aquilo que o Ministério da Educação nacional conseguiu fazer é, no mínimo, genial. No espaço de apenas um ano a reforma do ensino nacional conseguiu (mesmo com greves de professores à mistura) fazer com que o país europeu que apresentava um dos mais baixos índices de aproveitamento escolar se tornasse no país que mais génios produz por ano. Há já quem lhe chame o Viagra da Educação: num ano não tens erecção intelectual, e no ano seguinte não há quem te vergue.

A genial revolução partiu, ao que se sabe, do cérebro de Maria de Lurdes Rodrigues, embora este negue qualquer envolvimento com a reforma do sistema de ensino português. A Fundação Nobel emitiu hoje um comunicado informando que irá criar um Prémio Nobel para Educação e que Maria de Lurdes Rodrigues será a primeira laureada, se porventura conseguir preencher o ingresso de candidatura, uma vez que o seu cérebro se recusa em participar em qualquer actividade intelectual que o possa comprometer.

Cavaco Silva exaltou mais uma vez a raça portuguesa afirmando que os genes da genialidade sempre fizeram parte do nosso património nacional. «Somos arraçados de genialidade desde que Viriato usou calhaus perfurantes e de defragmentação, para correr com os romanos dos Montes Hermínios».

Gilberto Madaíl decidiu, à chegada a Portugal, enviar toda a selecção de futebol para a escola. «Vão todos voltar ao primeiro ciclo» afirmou Madaíl «para ver se no próximo mundial temos uma equipa de génios».

A aplicação do novo método nacional de ensino está a ser equacionada em mais de metade dos países do mundo, dado que produz resultados quase imediatos e é de fácil aplicação. Segundo Maria de Lurdes Rodrigues, já considerada o gigante incontornável da educação mundial, basta apenas «muito trabalhinho e matérias que até uma criança de 5 anos entenda». Genial! Viva Portugal!

Ilustração de Henrique Monteiro

domingo, junho 22, 2008

A Razão do Relógio do Cuco

relógio de cuco

Em Itália, os Bórgias reinaram durante trinta anos no meio de guerras, terror, assassinatos e massacres, mas produziram Miguel Ângelo, Leonardo Da Vinci e o Renascentismo. Na Suíça só houve amor fraternal; os suíços viveram 500 anos em paz e democracia, e o que é que produziram? O relógio de cuco.


Orson Welles

sábado, junho 21, 2008

A Razão da Esperança

esperança
Desde pequeno que ouvia que a esperança era a última a morrer. Nunca percebeu muito bem porquê. Pelo sim pelo não, um dia perfilou-as a todas e limpou-lhes eficazmente o sebo – uma atrás da outra. Por momentos hesitou na penúltima, mas a frase ecoava-lhe na cabeça, e acabou por deixar a Esperança para o fim. Ela quase nem sentiu (achou ele).

sexta-feira, junho 20, 2008

A Razão Seguinte

seguinte

Durante os últimos 15 dias o país andou na catarse do costume a acreditar mais uma vez que ao menos no futebol somos os melhores do mundo. Mais uma vez se demonstrou que não somos. Nem do mundo nem da Europa. E por mais sobranceria que os jogadores tenham nas suas conferências de imprensa, o que interessa mesmo é o resultado final. E esse é o que sabemos. Durante 15 dias Portugal e a sua selecção de futebol foram unos. Literalmente. Os defeitos e as virtudes da nação estão espelhados no percurso da sua selecção nacional. A arrogância socrática é copiada pelos jogadores que parece que vão resolver tudo numa penada mas que afinal, à semelhança de Sócrates, é tudo uma fantochada cheia de fragilidades. A selecção continuará a ser a eterna favorita e o país continuará a ser um país adiado.

Há um português mais lixado que todos os outros com a derrota da selecção portuguesa nos oitavos de final. Chama-se José Sócrates. Durante estes últimos 15 dias os camionistas suspendiam por 90 minutos o bloqueio para beber umas cervejolas em frente da televisão onde Portugal jogava; os cidadãos prometiam boicotes aos combustíveis mas à última hora engrossavam as filas nos postos de abastecimento com medo de ficarem apeados; os mesmos cidadãos queixavam-se do aumento dos combustíveis mas inexplicavelmente pegavam nos carros para circular freneticamente na Rotunda do Marquês comemorando os jogos da selecção. Durante este últimos 15 dias de habitual esquizofrenia nacional, José Sócrates gozou de um estado de graça momentâneo, pelo simples facto de ninguém se lembrar que ele existia. A partir de ontem José Sócrates voltou a existir – e mais uma vez pelos piores motivos. Deprimidos com o facto de nunca chegarem a lado nenhum os portugueses preparam-se agora para o novo desporto nacional: lixar um português. E convenhamos que José Sócrates está mesmo à mão para isso.

segunda-feira, junho 16, 2008

A Razão do Futuro

o futuro
O futuro, segundo alguns cientistas, vai ser exactamente como o passado, só que estupidamente mais caro.

quinta-feira, junho 12, 2008

quinta-feira, junho 05, 2008

A Razão da Inteligência Artificial

análise de conteúdo

Como sabem, existem uma série de ferramentas na internet que são «inteligentes», aprendendo com a utilização que fazemos delas. Exactamente o oposto do nosso primeiro-ministro, mas isso é outra conversa. Uma destas tecnologias mais conhecidas é o motor de busca do Google, cujo sucesso se deve à capacidade de aprender com as buscas de conteúdo que milhões de pessoas fazem diariamente. Aparentemente a tecnologia Google, e outras, fazem uma análise do conteúdo das coisas que procuramos e dão-nos os principais caminhos para aquilo que procuramos, sugerindo inclusive caminhos alternativos ou caminhos paralelos. É o caso da Amazon que, percebendo o vosso perfil de compra, vos sugere uma quantidade de items que muito provavelmente encaixarão no vosso perfil de utilizador.

Apesar de ter consciência disto não deixei de ficar surpreendido quando, ao verificar o link que coloquei no post anterior, o Snapshots me indicou uma série de prováveis ligações ao relatório da Autoridade da Concorrência sobre os combustíveis, que ilustro na imagem deste post. Aqui está a prova que a inteligência artificial está a atingir níveis subliminares. Se repararem bem os links relacionados com este relatório são seis: «Sócrates», «Estômago», «Autismo», «Tumor Cerebral», «Trabalho Infantil» e «Morte». Embora nenhum deles apresente uma relação directa com o relatório sobre os combustíveis (tirando talvez «Sócrates», dado que o relatório teve origem num dos seus ministros) todos eles têm uma relação subliminar com o link em causa. Vamos então usar a análise de conteúdo para perceber de que forma é que todos estes temas se ligam ao relatório:

«Sócrates» é de facto a relação mais fácil de estabelecer. O relatório é solicitado por um dos seus ministros e, lendo-o, percebe-se que os combustíveis são mais caros aqui do que em Espanha porque Sócrates insiste em praticar impostos muito acima de qualquer outro país europeu. «Sócrates» é portanto o Efeito e a Causa deste relatório (exactamente por esta ordem).

«Estômago» apresenta uma relação menos provável, mas ainda assim lógica. É preciso ter estômago para continuar a viver em Portugal depois de tudo isto. Só um povo com estômago é que aguentaria ter um governo que se interroga sobre a própria merda que provoca.

«Autismo» é uma relação óbvia. É aliás a característica de toda a governação socialista sob a égide de «Sócrates». «Orgulhosamente sós», frase proferida por um tipo com o mesmo perfil do artolas do proto-engenheiro, parece ser o posicionamento do governo socialista. Alguém se esqueceu de avisar aquela matilha que está lá para servir 10 milhões de mamíferos.

«Tumor Cerebral» apresenta a relação mais difícil de explicar neste grupinho de 6 links. Está relacionada com o Ministro da Economia. Só alguém com um tumor cerebral, cujos efeitos como se sabe é de levar as suas vítimas a incorrer em acções sem lógica aparente, é que se lembraria de pedir um relatório que demonstrasse a ganância incompetente do seu próprio governo. Enfim, foi mais um tiro no pé de Manuel Pinho, nada a que já não estejamos habituados no homem que vaticinou o fim da crise há um ano atrás.

«Trabalho Infantil» pode ser a solução subliminar deste relatório. Já que as gasolineiras não baixam os preços, já que o governo não baixa os impostos, a solução para este país poderá passar por colocar as criancinhas a trabalhar para nos ajudar a todos, como já tive oportunidade de falar aqui.

«Morte» é a solução final. Afinal de contas, e ao contrário do que diz Lili Caneças, estar morto é muito melhor do que estar vivo em Portugal, principalmente no que respeita a impostos.

terça-feira, junho 03, 2008

A Razão do Relatório sobre os Combustíveis

relatório dos combustíveis
Estive a ler o relatório do estudo da Autoridade da Concorrência sobre os combustíveis e, surpresa das surpresas, afinal não são as gasolineiras que nos andam a roubar mas sim o suspeito do costume: o Estado. O estudo conclui que o problema reside mesmo nas taxas aplicadas pelo governo português, que são mais elevadas que no resto da Europa. Naturalmente que como o custo da matéria prima sobe, as taxas fazem elevar exponencialmente o preço dos combustíveis, ajudando o Estado a amortizar o défice causado pelo peso do próprio Estado: ou seja, pela quantidade absurda de funcionários públicos indigentes e respectivos organismos do Estado que são subsidiados mensalmente pelos nossos impostos. Os contribuintes portugueses pagaram assim mais um relatório que tem uma particularidade curiosa: foi solicitado pelo ministro da economia e demonstra que o problema reside mesmo no próprio ministro e restantes colegas – a começar pelo artolas do proto-engenheiro. Nada de novo aqui, portanto.

Mas gostaria de reflectir um pouco mais sobre alguns dados deste relatório que acho deprimentemente hilariantes: nele podemos ver que Portugal é o 5ªpaís mais caro da Europa no que toca ao preço da gasolina. Antes de nós estão, respectivamente, os holandeses, os belgas, os alemães e os finlandeses. Poderíamos sempre dizer que há malta pior que nós, como se isso nos servisse de algum consolo, mas a verdade é que estes 4 países estão bem melhor que nós. Senão vejamos:

Se considerarmos o ordenado mínimo destes países veremos que um holandês ganha no mínimo 1317 euros por mês, um belga ganha 1248 euros, o alemão e o finlandês não têm ordenado mínimo porque isso é coisa que não se pratica nos países deles (cada indústria tem o seu respectivo escalão de ordenados - mas consideremos que estes dois últimos países praticam o mesmo valor da Holanda, os tais 1317 euros) e finalmente o português ganha 426 euros por mês.

Naturalmente que, como o ordenado serve para pagar bens que estão sujeitos a IVA, os verdadeiros ordenados mínimos não são estes. Se retirarmos as respectivas taxas de IVA aos ordenados mínimos o holandês e o alemão passarão a ganhar 1067 euros por mês, o belga ganhará 1014 euros, o finlandês ganhará 1027 euros e o português ficará com a módica quantia de 337 euros.

Considerando os preços da gasolina nos primeiros 4 meses de 2008, se cada um destes indivíduos atestar apenas um depósito de 50 litros de gasolina por mês a coisa fica mais interessante: o holandês paga 77 euros, o belga paga 71 euros, o finlandês paga 70,5 euros e o português paga o mesmo que o alemão: 69,5. Mas o problema é que, enquanto nos outros países um depósito de gasolina representa entre 5% a 6% do ordenado mínimo, em Portugal atestar o depósito representa abdicar de 22% do seu ordenado mínimo. Se um português quiser atestar um depósito extra para vir a Lisboa ao Rock in Rio vai ter um problema no final do mês: não vai poder comprar as ostras e o caviar a que está acostumado...

Mas destas coisas o relatório não fala, embora nos compare com Espanha para dizer que antes de impostos somos mais baratos que os espanhóis. Seguindo o raciocínio acima, um depósito de gasolina representa 10% do ordenado mínimo espanhol. Mais baratos onde, canalha?