segunda-feira, setembro 26, 2005

A Razão do Blog do Candidato Político

candidato
Divirto-me à brava com a perspectiva que os políticos portugueses têm dos blogs. Alguém lhes disse, a dada altura das suas miseráveis carreiras, que os blogs eram o 5º Poder e estes desataram a abri-los na internet na vã esperança de agarrar mais um bocadinho de poder.
Naturalmente que os políticos estão a anos-luz de distância de perceber o que é um blog, quanto mais o modo como devem usá-lo.
Sabemos que estamos perante um blog de um candidato político quando:

Parece que estamos a ouvir um monólogo televisivo, daqueles paternalistas e feitos a olhar directo para a câmara, a fazer de conta que estão a falar para nós. Convém perceber que um político nunca fala directo para nós – fala directo para um boletim de voto com a cruzinha no partido dele.

Não há qualquer coerência linguística de post para post, porque na realidade aquilo é escrito por um monte de assessores diferentes pagos para alinhavar, sem sucesso, aquilo que um político raramente consegue fazer: um discurso coerente e inteligente.

O blog só tem um post, que é nada mais nada menos que um chorrilho de promessas estúpidas retiradas de um panfleto político.

O blog só tem um post porque o político decidiu fazer aquilo sem acessores e a sua capacidade de dizer/escrever aquilo que pretende fazer é tão limitada que ele se fica mesmo por ali. Temos aqui um caso típico.

O blog tem a duração do período de campanha eleitoral demonstrando que o político está ali só para vender o seu peixe e não para estabelecer uma relação directa com o seu eleitorado.

O blog não admite comentários porque a percepção democrática do político não admite críticas nem respostas, nem esclarecimentos adicionais ao cidadão comum. O político só admite respostas, esclarecimentos, ou críticas, de outro político e preferencialmente quando passa em directo na televisão.

Na minha perspectiva o blog de um candidato político deve ser encarado de duas formas: ou vamos lá visitar o gajo para o insultar à laia de medida profilática, ou não se vai lá e pronto.

domingo, setembro 25, 2005

A Razão da Confusão

confusao
Se não consegues convencê-los, confunde-os.

Harry Truman

sábado, setembro 24, 2005

A Razão Perigosa

perigosa
É perigoso ter razão quando o Governo não a tem.

Voltaire

sexta-feira, setembro 23, 2005

Razões Inéditas

ineditas
Um ser asado foi visto a sobrevoar os céus portugueses. Apareceu assim de repente, sem perceber-se de onde vinha. Nos organismos de segurança nacional piscavam luzinhas vermelhas, os taradinhos dos OVNIS ficaram entumescidos, a Santa Igreja começou a afiar o fervor religioso, e a GNR coçou a bolsa testicular.
A TVI fez um especial na região onde alguns labregos afirmavam ter visto o ser voador: «parecia um abion» grunhia um, «aquilo é um condôr do demo» estrebuchava outra. Os testemunhos sucediam-se mas não se conseguiu nunca obter nenhuma imagem que atestasse a veracidade do fenómeno. Até que um dia ele aparece de microfone na mão e ar lixado em frente da Assembleia da República. Dizia que a fábrica onde trabalhava não tinha reaberto depois do Verão, que há 3 meses que não recebia ordenado, que o Estado não lhe dava qualquer ajuda, que tinha dois filhos para criar, que não conseguia pagar a casa onde vivia, que já lhe escasseava o dinheiro para comer.
Nesse dia ficámos todos a saber que ele era o Ente Alado, o super-herói nacional.

quinta-feira, setembro 22, 2005

A Razão no WC

WC
Não gosto de WC’s públicos por motivos vários, que estão normal e directamente relacionados com o facto do chão estar sempre molhado ou com o irritante facto de ter sempre um sítio que está queimado por beatas de tabaco (mas quem é que fuma num WC público??).
Quando tenho de lá ir perco sempre algum tempo com as mensagens atrás da porta. O grande mistério para mim é perceber quando é que elas são escritas.

Será... antes de?!! – aflitinhas aflitinhas, mas ainda com tempo para umas linhas!?
Será... durante?!! – não dá jeito, pela análise das mensagens, a altura a que estão escritas e a distância que compreende a porta da sanita deixa esta hipótese de lado.
Será...depois de?!! – não faz sentido que se queira lá estar, mais tempo que o necessário.

Com as mensagens de WC estamos perante de um acto (altamente) premeditado, porque temos de abrir a mala vasculhar lá dentro à procura de algo que escreva, ou então, entrar já com algo que escreva na mão... sendo que apenas a parte da mensagem tem alguma espontaneidade
E as mensagens são de temática variada:

Insultos escabrosos a outras mulheres pela honra amachucada:
- A Gonçalinda é uma P*** que se meteu com o meu Hilário Cosme.

Números de telefone, (talvez de alguma lésbica mais inibida para outra lésbica inibida):
- está sim?? Olhe... estou a ligar porque vi o seu número de telefone num WC público em Estarreja.... era para combinar um café, se puder ser, claro.
(Não me parece que seja uma forma inteligente de conhecer pessoas, mas enfim)

Menções ao tamanho da genitália:
- eu tenho uma **** do tamanho de uma betoneira
(sinceramente como mulher, não sei se é bom ou não)

Ou então eternas palavras de amor:
- Amo-te Hilário Cosme, para toda a nossa vida...
(O Hilário Cosme, nunca saberá desta prova de amor, porque ela foi feita no WC das mulheres e nem sei se o Hilário Cosme achará isto romântico, mas concerteza que gostará de saber que o seu nome foi perpetuado numa porta de WC principalmente se lá estiver escrito também qualquer coisa que fale do seu, soberbo, desempenho sexual.

Na verdade, adoro a escrita de casa de banho.
Ela informa, educa, distrai, diverte, tem raiva, sexo e intrigas. No fundo, tudo o que se quer num bom romance.

Um post da Ana do 2ºEsquerdo em exclusivo para a Razão.

quarta-feira, setembro 21, 2005

A Razão da Estrela da Rádio

estreladeradio
Video killed the radio star.
Sempre que me falam em globalização o meu cérebro vagueia invariavelmente por esta música simpática dos velhotes Buggles. Goste-se ou não a globalização matou, a dada altura, a maior parte do que era feito localmente. Este não é um post anti-globalização, até porque pessoalmente acho que esta nos tornou mais conscientes do mundo à nossa volta – por vezes demasiado conscientes para o meu gosto. Este é um post com o mesmo travozinho saudosista e atravessado pela mesma alegria adolescente e inconsciente da música original. É um post «que se lixe». Que se lixe já não termos os iogurtes Longa Vida; que se lixe a Pasta Medicinal Couto; que se lixe a Laranjina C; que se lixem programas de rádio que nos faziam acordar cedo como o Pão com Manteiga (de um rapazinho que hoje está indiciado por pedofilia); que se lixem os Rajás, os chocolates Regina e as Bombokas; que se lixem os Pilote, os Cavaleiros Andantes, e os Tintins coleccionáveis; que se lixem o ZX Spectrum e o Atari; que se lixem os Sanjo (esbirros nacionais dos All Star); que se lixem os pirulitos e as pastilhas Gorila. Que se lixem o Subbuteo, e o Ludo, e a sueca.
E viva a globalização! Normalizada, instantânea (sem juntar água), e em directo. Vivam as frutas gigantes e brilhantes a saber ao mesmo; viva a fast food que nos garante que tudo sabe igual em locais diferentes; viva a roupinha para betos, para dreads, para grunges, para góticos, e para surfistas; vivam os bifes de vaca lúcida e os frangos sem febre. E acima de tudo vivam os blogs, a expressão máxima e positiva daquilo que é a globalização – e que nos mostram diariamente que, apesar de tudo, encerramos em cada um de nós um imenso universo nunca globalizável.
Passem um grande e globalizante dia.

terça-feira, setembro 20, 2005

A Razão dos Matraquilhos

matraquilhos
Os países têm em geral um ícone pelo qual são conhecidos internacionalmente, que acaba por ser o seu logotipo virtual: os espanhóis têm os touros (confesso que não percebo esta sua adoração por cornos), os ingleses têm o Big Ben, os franceses têm a Torre Eiffel, os brasileiros têm o carnaval e as bundinhas, os irlandeses têm a harpa, os escoceses o whisky e o monstro fictício do Loch Ness, os holandeses têm os moínhos, e assim por diante. E os portugueses, qual é o deles?
Sempre que penso no ícone dos portugueses lembro-me inevitavelmente dos matraquilhos. Acho que não há coisinha que traduza melhor a nossa portugalidade que um tabuleiro de matraquilhos: pequeninos e desajeitados, sempre tensos (reparem que os bonecos estão sempre em sentido), prontos a serem manipulados por outros, impedidos de se mexerem muito por uma barra de ferro que os atravessa a meio, sempre com o mesmo modo de actuar (para trás e para a frente), uns contra os outros a pontapear uma ridícula e velha bola de madeira, só funcionando quando se mete a moeda, e sem qualquer utilidade que não seja para alguém se divertir.
O matraquilho é Portugal em todo o seu esplendor. Sempre agarrado a uma caixa, e à espera da próxima moeda. Eleve-se a coisa a ícone nacional. Nós merecemos.

segunda-feira, setembro 19, 2005

A Razão da Ditosa Pátria

ditosapatria
Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.

Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
a pouca sorte de nascido nela.

Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta
quanto esse arroto de passadas glórias.
Amigos meus mais caros tenho nela,
saudosamente nela, mas amigos são
por serem meus amigos, e mais nada.

Torpe dejecto de romano império;
babugem de invasões; salsugem porca
de esgoto atlântico; irrisória face
de lama, de cobiça, e de vileza,
de mesquinhez, de fátua ignorância;

terra de escravos, cu pró ar ouvindo
ranger no nevoeiro a nau do Encoberto;
terra de funcionários e de prostitutas,
devotos todos do milagre, castos
nas horas vagas de doença oculta;

terra de heróis a peso de ouro e sangue,
e santos com balcão de secos e molhados
no fundo da virtude;
terra triste à luz do sol calada, arrebicada, pulha,
cheia de afáveis para os estrangeiros
que deixam moedas e transportam pulgas,
oh pulgas lusitanas, pela Europa;

terra de monumentos em que o povo
assina a merda o seu anonimato;
terra-museu em que se vive ainda,
com porcos pela rua, em casas celtiberas;

terra de poetas tão sentimentais
que o cheiro de um sovaco os põe em transe;
terra de pedras esburgadas, secas
como esses sentimentos de oito séculos
de roubos e patrões, barões ou condes;

és terra de ninguém, ninguém, ninguém:
eu te pertenço. És cabra, és badalhoca,
és mais que cachorra pelo cio,
és peste e fome e guerra e dor de coração.
Eu te pertenço mas seres minha, não.



Jorge de Sena
(cedido gentilmente por MJM)

domingo, setembro 18, 2005

A Razão do Perdão

perdao
Perdoem sempre aos vossos inimigos - nada os deixa mais lixados.

Oscar Wilde

sábado, setembro 17, 2005

A Razão em Pequena Escala

escala
O Governo é uma operação em larga escala composta por muitas inteligências em pequena escala.

sexta-feira, setembro 16, 2005

A Razão do Sol e da Peneira

18
A partir da próxima semana a TVI vai «auto-regular» o visionamento dos seus programas indicando com um pequeno símbolo no canto superior direito do écran televisivo, a que grupo etário se dirige o programa exibido. Foram definidos os seguintes símbolos:
«T» para os programas que podem ser visionados por toda a gente.
«10 AP» para os programas que já têm um palavrãozito ou outro, sendo que as letras AP significam que as crianças deverão assistir ao programa acompanhados pelos pais.
«12 AP» para programas onde o palavrãozito passa a palavrão e em que ocasionalmente se poderá vislumbrar um corpo desnudo mas nunca exibindo as partes pudendas.
«16» para programas onde o palavrão passa a um chorrilho de palavrões e onde se pode ver nus integrais com genitálias tímidas, de relance, fugazes.
«18» para programas onde genitálias desinibidas, chorrilhos de palavrões, cavalos pentapérnicos, anões e mulheres desnudas, pululam sofregamente no écran como se não houvesse amanhã.
Esta curiosa medida merece-me alguns comentários de ordem diversa:

Sobre a liberdade individual – a TVI, que defende acerrimamente os direitos do indivíduo, sendo clara a sua posição quanto ao aborto, tem aqui uma posição no mínimo paradoxal. Se um feto tem direito à vida e deve ser considerado um ser humano com direitos, porque raio é que uma criança com 9 anos não tem o direito de ver programas para além de designação «T»? Parece-me censura infantil, e logo, altamente reprovável.

Sobre a autoridade familiar - existem categorias que recomendam o acompanhamento dos pais. E o que dizer dos avós? não terão estes o discernimento para decidir o que os seus netos podem visionar? E os tios, qual é o problema deles? E os parentes afastados, perdem critério por terem uma consanguinidade mais diluída?

Sobre a exaustividade – porque raio é que as classificações são limitadas até à idade de 18? Pessoalmente acho que certos debates políticos deveriam ser limitados a indivíduos abaixo dos 3 anos; as intervenções de Soares deveriam estar limitadas a indivíduos acima dos 80; os noticiários da Manuela Moura Guedes não deveriam poder ser visionados por indivíduos do sexo masculino acima dos 6 meses, sob o perigo de se tornarem serial killers. Acho que esta história das idades merecia uma reflexão mais cuidada. A actual divisão é um desleixo.

Sobre a honestidade intelectual – e porque não abordar o visionamento de programas de uma forma mais honesta? O que tem a idade a ver com isto tudo? Conheço seres de 4 anos com maior maturidade mental que Sócrates. Quererão proibir o primeiro-ministro de ver televisão? Será isto uma conspiração insidiosa? Tendo em conta as características de programação da TVI acho que podiam ter sido mais inovadores e honestos na classificação e definir outros tipo de categorias do género:

«Programas VAM» onde se incluiriam todas as produções do Piet Hein. Sabemos bem que este senhor se especializou em programas para voyeurs com atraso mental.

«Programas ARPEP» emissões destinadas a adolescentes rebarbados com problemas de ejaculação precoce, tipo Morangos com Açúcar.

«Programas GLAPP» destinados a essa imensa minoria de gays e lésbicas à procura de protagonismo e aceitação social, e que acha que só porque aparecem na televisão, vão mudar a mentalidade vigente.

«Programas GGSE» destinados a todos aqueles gajos que gostam de ser enganados (para não dizer outra coisa que os integra automaticamente na categoria anterior), versando debates políticos, coberturas eleitorais, e jogos do Benfica.

E assim por diante até cobrir todo o espectro nacional de labregos, funcionários públicos, grevistas, coçadores de micose, desempregados compulsivos, notários, professores e outras classes profissionais de índole duvidosa.
Aqui temos mais um caso de cabotinice labrega a querer ser muito original e muito didáctica e muito socialmente responsável, enquanto se tapa o sol com a peneira...sejamos honestos meninos.

quinta-feira, setembro 15, 2005

A Razão da Árvore e da Floresta

arvore&floresta
Para mim o mundo está dividido entre as pessoas que olham para a árvore e as pessoas que olham para a floresta. Cada um de nós tem uma destas… chamemos-lhes vocações. Os que olham para a árvore normalmente reparam em pequenos pormenores, pequenos detalhes, que não deixam de ser importantes por serem pequenos. Sabem quando a árvore precisa de ser podada, quando lhe falta água, quando é necessário colher o fruto. Mas não se apercebem que a árvore faz parte de uma coisa maior a que chamamos de floresta. Não estão interessados em entender o que é a floresta mesmo quando tentamos mostrar-lhe que há mais árvores para além daquela, e que o seu conjunto forma uma massa maior e mais complexa. Não querem saber porque sentem que teriam de dar a mesma atenção a cada uma daquelas outras árvores e sabem que não conseguiriam fisicamente dispender o mesmo carinho que dedicam à sua árvore.
E depois há os outros, os que olham para a floresta como um todo harmonioso e complexo, e têm dificuldade em focar-se numa árvore específica. É a totalidade das árvores que para eles faz sentido, o efeito que a floresta tem como um todo, equilibrando o ecossistema em variados aspectos. Vêem a floresta como um único e articulado ser.
Os que olham a árvore precisam dos que olham a floresta e vice-versa. E porque todos estão conscientes da sua importância relativa neste processo, quer as árvores quer a floresta vão crescendo harmoniosamente. Chama-se a isto progresso.
Cheguei à conclusão que vivo num país míope cheio de árvores e florestas bonsai. Não se consegue ver a árvore nem se vislumbra o que poderá ser a floresta.

quarta-feira, setembro 14, 2005

A Razão da Abrótea

abrotea
No passado fim de semana apeteceu-me andar de bicicleta. Enchi os pneus à minha «Agressor» (belo nome para uma marca de bicicletas a pedal), que teve dificuldade em lembrar-se de mim um ano e meio depois da nossa última aventura, e fui dar uma volta. No meu trajecto cruzei-me com um grupo de ciclistas que envergavam aquele capacete ridículo, calçavam uns sapatinhos próprios para a modalidade profissional, e vestiam lycra apertada, com os refegos da barriga a fazerem lembrar o bibendum da Michelin. Olhei para a figurinha deles, e para a minha, sem capacete, com uns All Star velhotes no final das calças de ganga, e pensei que o mundo está a ficar amaricado. É verdade: andamos a apaneleirar demasiado esta merda.
No meu tempo andávamos por aí de bicicleta para todo o lado, sem capacete e sem protecções especiais para os pés, para o rabo e para as costas. Chegávamos ao fim do dia moídos e cheios de arranhões, todos sujos do óleo das correntes, mas não andávamos por aí a fazer figurinhas tristes. E sobrevivemos.
Também não usávamos Mukina na água para desinfectar a fruta sempre que nos apetecia uma maçã. Comíamos directamente das árvores, preferencialmente roubadas no quintal do vizinho, o que dava um sabor especial à coisa, e continuámos a sobreviver.
As pastilhas elásticas não existiam em versão diet, aliás quanto mais açúcar tivessem melhor. Mas apesar disso não nos tornámos uns badochas como os putos de hoje. E os nossos dentes sobreviveram.
Os brinquedos não tinham quaisquer avisos de saúde ou de idade recomendada, e ainda assim não me lembro de ninguém ter morrido a tentar engolir o kit de montanhismo do action man – sobrevivemos a isto, é óbvio.
Bebíamos leite acabado de ser mungido, que fervíamos para o esterilizar. Não havia cá as mariquices do leite magro e meio gordo, muito menos leites enriquecidos especialmente dirigidos a grávidas, a intolerantes à lactose ou a atrasados mentais. E nós continuámos a sobreviver, naturalmente.
Os bolos-rei tinham uma fava e um brinde lá dentro, normalmente um boneco de loiça ou de metal, alusivo à época festiva. Alguns de nós escavacaram um dente ou outro a tentar descobrir o brinde, mas ninguém morreu sufocado com um S.Cristovão de loiça atravessado na laringe. Sobrevivemos, pois claro.
Hoje em dia estamos rendidos à mariquice: tudo tão esterilizadinho, tudo tão protegidinho, tudo cheio de medinho de tudo. É tudo tão imbecilmente «perigoso» e «danoso» que corremos o sério risco de nos tornarmos umas abróteas cheias de fobias, com miúfa de existir.

terça-feira, setembro 13, 2005

A Razão da Fundação

fundacao
Afonso Henriques tinha uma visão: «um reino, um povo, um rei». Não era uma visão muito original, mas pronto, era a sua visão. Para concretizá-la, Afonso Henriques sabia que tinha de fazer uma única coisa: fundar. Fundar como se não houvesse amanhã. Fundar desaustinada e paulatinamente até não haver mais nada passível de ser fundado. E assim nasceu Portugal. O homem fundou que nem um alarve enquanto as suas forças o permitiram, deixando a fundação como um legado para os que vieram a seguir, e que continuaram a fundar. A visão de Afonso Henriques foi-se cumprindo geração após geração: a fundação como garante de expansão e de crescimento da nação, tem um je ne sais quoi de engenharia – afinal de contas uma fundação sólida dá azo a uma obra consistente e duradoura.
Sócrates tinha falta de visão. A verdade é que nunca fora um tipo muito imaginativo, mas agora fazia-lhe mesmo falta uma visão à la Afonso Henriques. Uma coisa que pudesse dar um rumo ao país, com o mesmo vigôr e a mesma intensidade de há 877 anos atrás. Estava a querer dar um novo sentido a este velho conceito da fundação quando o Belmiro lhe deu uma mãozinha: «E que tal implodires a fundação?».
Sócrates não pensou duas vezes. E teve a sua visão: «um país, várias fundações, muitas implosões». E assim renasceu Portugal, aquela grande cratera no ponto mais ocidental da Europa.

segunda-feira, setembro 12, 2005

A Razão do Desempregado Compulsivo

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Que Portugal é um país de biscateiros desempregados a mamar do Fundo de Desemprego sem grande vontade de arranjar trabalho já eu sabia. O que eu não fazia ideia era como é que estes parasitas institucionalizados (não, desta vez não estou a falar do Governo) ocupavam os seus tempos livres. Descobri que passam o tempo nas obras. Não é que façam parte das obras… não. Estão lá a observar. A ver se os servo-croatas e os cabo-verdianos deixam aquilo em condições. Afinal de contas as obras estão a ser feitas no nosso país e aquilo é só estrangeirada sobre-habilitada para carregar tijolos e assentar vigas – «é preciso que alguém esteja de olho na merda que aqueles gajos podem fazer! É que os gajos vêm cá chupar-nos o dinheirinho e depois vão embora, e quem tem que levar com a obra somos nós!» dizia-me um deles, sem tirar os olhos do servente ucraniano.
E assim, por cada obra de construção civil existente nesta telenovela mexicana, temos um molhinho de desempregados a observar. Atentos. Críticos. Opinativos. A discutir entre si que o sacana do bósnio tem tanto jeito para aquilo como eles para trabalhar.
O Estado português, essa abstracção incómoda, promove à custa dos contribuintes o aparecimento de um novo tipo de labrego, o «voyeur da obra» pagando-lhes regularmente para coçar a micose à frente de uma qualquer betoneira.
Na semana passada, os «voyeurs da obra» tiveram o seu Stonehenge nacional, financiado pelo Estado e disponibilizado por Belmiro de Azevedo: a destruição das 2 torres. Com um título que parece ter saído da escrita de Tolkien, este evento provocou uma migração de milhares de labregos voyeurs de vários pontos do país, para verem in loco dois prédios a serem implodidos. A dada altura alguém teve a brilhante ideia de reduzir o desemprego em Portugal, convidando os labregos a visitar as instalações alguns minutos antes da derrocada. Mas os madraços, espertos, preferiram mais uma vez ficar de fora e a olhar de uma distância segura – é que demasiada proximidade lhes retira a capacidade de discernimento.

domingo, setembro 11, 2005

A Razão do Estágio

estagio
Eu costumo dizer, por piada, que Portugal não se salva enquanto todos os portugueses não forem obrigados, por lei, a fazer um estágio de alguns anos no estrangeiro, mas proibidos de encontrarem-se uns com os outros. Esta proibição é da maior importância, para impedi-los de assarem colectivamente sardinhas, cozerem bacalhau com fervor nacionalista ou trocarem sofregamente as últimas novidades do Chiado.


Jorge de Sena, Versos e Prosa

sábado, setembro 10, 2005

A Razão Fácil

facil
Não há dificuldade nenhuma em fazer humor quando se tem todo o Governo a trabalhar para nós.

Will Rogers

sexta-feira, setembro 09, 2005

A Razão do Notário

notario
Decerto que por uma razão ou por outra já tiveram, a dada altura das vossas vidas, que entrar num notário. Se assim foi, suponho que tenham tido oportunidade de reparar que nem toda a gente pode ser funcionário de um cartório notarial. É uma profissão peculiar que exige um património genético muito particular e está sujeita a uma política de recrutamento espartana, capaz de criar inveja à Al Qaeda.
Antes de mais é preciso realçar com alguma veemência que não se estuda para ser notário – nasce-se notário, e pronto! É um pouco como os atletas de competição: os sprinters têm uma estrutura óssea e muscular diferente dos fundistas; os tenistas com serviços mais eficazes são dotados de uma altura acima da média e têm uns bracinhos mais compridos que os restantes mortais. Também os notários têm as suas características diferenciadoras: o seu cérebro, por exemplo, funciona a um ritmo mais lento (como observamos nos casos mais graves de paralisia cerebral) o que possibilita o armazenamento de dados de uma forma mais metódica.
Para terem uma ideia de como um notário percepciona a realidade à sua volta reduzam a velocidade de um DVD em cerca de 80%: t-u-d-o f-i-c-a m-u-i-t-o l-e-n-t-o e as vozes adquirem um tom grave e arrastado, sendo relativamente dificil de aprender o sentido das frases. Não se admirem portanto que os notários não percebam à primeira o que vocês lhes estão a querer dizer, principalmente vocês, os nervosinhos. E evitem falar devagar para se fazerem entender melhor porque assim é mesmo muito complicado para eles, e demora o dobro do tempo a processar.
A capacidade pulmonar de um notário é francamente mais reduzida que a de um indivíduo normal, impedindo o cérebro de funcionar mais rápido e cansando-os de sobremaneira enquanto fazem o seu rotineiro percurso secretária-balcão-arquivo. Aliás a rotina é aquilo a que um notário aspira desde os seus tempos de estagiário – com o passar do tempo eles vão construíndo carris imaginários que percorrem o todo escritório definindo os seus percursos possíveis. Um notário sénior já tem a sua rede rodoviária definida e move-se, lenta e religiosamente, em cima dos «seus» carris.
O facto de geneticamente possuírem um metabolismo estupidamente mais lento que todos nós, causa-lhes alguns problemas na fala (falam muito lento e muito baixo, sendo por vezes necessário encostarmos a orelha à sua boca – tarefa difícil e perigosa de desempenhar se tivermos um balcão à nossa frente) e problemas vários de concentração e coordenação: é muito vulgar observarmos um notário esgazeado a olhar para o infinito (é a chamada «pausa de hibernação» que, dependendo do seu estágio profissional, pode ocorrer várias vezes ao dia); vulgar é também a dificuldade que apresentam ao teclado de um computador ou de uma máquina de escrever. Os notários mais treinados conseguem atingir velocidades de 2 a 3 segundos entre uma tecla e outra.
Espontaneidade e improviso são conceitos totalmente desconhecidos pelos notários, e confrontá-los com algo inesperado pode ser perigoso dado que estes reagem violentamente – nunca se ostente uma folha de papel que não seja branca ou azul; nunca se apresente como documento oficial um passaporte em vez de um bilhete de identidade; nunca se ouse assinar algum documento a vermelho; e acima de tudo nunca se manifeste corporalmente de uma forma agitada – isso deixa-os nervosos, e o assunto que demoraria 2 horas a resolver poderá atingir uma duração de meses.
Para quem desespera sempre que se desloca a um cartório notarial deixo um pequeno truque que tornará a vossa vida, e a deles, mais fácil: cerca de 3 horas antes de entrarem no notário tomem 3 drunfes, o chamado «kit notário». E tudo fica mais fácil.

quinta-feira, setembro 08, 2005

A Razão Importada

importada
Aqui em Portugal importa-se tudo. Leis, ideias, filosofias, teorias, assuntos, estéticas, ciência, estilo, indústrias, modas, maneiras, pilhérias, tudo nos vem em caixotes pelo paquete. A civilização custa-nos caríssima, com os direitos de alfândega; e é em segunda mão, não foi feita para nós, fica-nos curta nas mangas.

Eça de Queiroz, Os Maias

quarta-feira, setembro 07, 2005

A Razão do Atraso

Atraso
Desde que nasci que ouço que o país está vinte anos atrasado em relação à Europa. Embora esta informação seja muito relativa (quem me diz a mim que não são os gajos que estão vinte anos adiantados?) a verdade é que o atraso faz parte da nossa portugalidade. Um tipo que chega a horas a qualquer sítio em Portugal ou é estrangeiro, ou atrasado mental (lá está, atrasado). A regra dos vinte minutos de atraso é escrupulosamente cumprida em qualquer reunião portuguesa – e não vale a pena chegar a horas, porque quem a agendou irá seguramente chegar atrasado vinte minutos.
Uma obra em Portugal só é considerada uma obra quando apresenta um atraso vergonhoso – senão fôr vergonhoso, é considerada uma obrinha, uma obreca, ou um bico d’obra. Outra coisa que tende também a atrasar em Portugal é o pagamento de qualquer coisa: salários em atraso é normal, prestações em atraso também, impostos em atraso idem.
Mas nisto do pagar atrasado, é o Estado português – essa abstracção incómoda – que bate todos os recordes: num jornal económico lia-se recentemente que os organismos do Estado pagavam, em média, 183 dias depois de terem recebido qualquer serviço. Eu por exemplo há 1.460 dias que espero (entre cartas insultuosas) que o Estado português me devolva o IRS que cobrou indevidamente.
O atraso estende-se a todos os sectores da sociedade nacional, e é algo perfeita e bovinamente natural para o vulgar cidadão: no ensino os estudantes deixam disciplinas em atraso, nos transportes o atraso faz parte do horário, as obras públicas vivem em permanente atraso, os processos atrasam-se uma eternidade nos tribunais, a polícia chega sempre atrasada ao local do crime, até a paciência dos portugueses está em atraso – senão estivesse já tinha havido merda da grossa.
Mas a grande e derradeira prova que o país está mesmo vinte anos atrasado é-nos dada pelos atrasados mentais da política nacional e pelas próximas eleições presidenciais – onde os intervenientes foram repescados de uma realidade política que existiu há vinte e cinco anos atrás. Desde então parece que não aconteceu nada… só atraso.

terça-feira, setembro 06, 2005

A Razão do Elefante com Alzheimer

elefante
Durante muitos anos habituei-me a vê-lo sempre por ali. Sempre que lhe dava uma moeda ele tocava a sineta, com o mesmo entusiasmo. Para mim é como se ele sempre tivesse lá estado – quando nasci já ele era mestrado no toque da sineta, e os adultos falavam dele como se tivesse feito parte também da sua infância.
Os anos passaram e ele deixou de tocar a sineta com a mesma pujança. E nós compreendemos, afinal de contas estava velho e já devia estar farto daquilo. Quando se foi embora, esperámos em vão que fosse substituído por um mais novo que tocasse a sineta com o mesmo fulgôr. Confesso que tinha a esperança que o que viesse a seguir, mais novo, introduzisse algumas inovações e tocasse não uma, mas um conjunto de sinetas. O facto é que não conseguiram arranjar-lhe um substituto. Diziam que os mais novos já não se interessavam pelas sinetas, só queriam mesmo era estar de papo para o ar, sem que ninguém os chateasse. E a coisa foi ficando assim, e eu acabei por me esquecer completamente dele e da sineta. Até à semana passada.
Vi na televisão que o elefante da sineta tinha voltado. Mostraram-no a tentar tocar à sineta, como antigamente, mas tudo aquilo era confrangedor. É que a sineta já não estava lá, mas ele fazia os mesmos gestos, bem mais lentos do que outrora, à espera que alguma coisa tocasse. E a malta disfarçava, fingia que não percebia, e aplaudia o velho e ainda simpático elefante com alzheimer.

segunda-feira, setembro 05, 2005

A Razão das Entrevistas Pagas

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Na Focus da semana passada, a minha atenção recaíu sobre um inquérito a uma jovem empresária portuguesa. Na nota biográfica da senhora lia-se, entre outras coisas irrelevantes, que era a «primeira mulher do Mundo a organizar eventos de vale tudo.»
Ok…
Em Roma, diz o ditado, faz como o romanos. O melhor negócio que se pode ter num país onde vale tudo é uma empresa de eventos vale tudo:
- Vale arrancar olhos? Vale. Vale tudo.
- Vale sexo sem compromisso? Vale. Vale tudo.
- Vale molestar os anões besuntados em margarina vegetal? Vale. Vale tudo.
- Vale usar cavalos pentapérnicos e mulheres desnudas em alegres perseguições pelos bosques? Vale. Vale tudo.
- Vale enfiar os dedos na torradeira e cantar «A minha sogra é um boi» envergando umas cuecas de gola alta à laia de chapéu? Vale. Vale tudo.
- Vale fazer um comboiozinho gay-lésbico onde cada participante come o gelado do outro? Vale. Vale tudo.
- Vale enfiar a língua na orelha dos garçons do evento e dizer «acho que descobri a tua terceira visão»? Vale. Vale tudo.
- Vale uma tribo de somalis untadinhos que sodomizem obsessivamente, entre cânticos tribais, a organizadora do evento? Somalis?? Ai que nojo! Somalis não vale!

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No mesmo fim de semana, a mesma jovem empresária saía na Sábado a dizer que queria «colo». Será de insistir com os somalis?

domingo, setembro 04, 2005

A Razão da Resposta

resposta

O amor é a resposta.
Mas enquanto esperamos pela resposta, o sexo levanta questões bem pertinentes.

sábado, setembro 03, 2005

A Razão Honesta

honesta

Ri convulsivamente desde o momento em que peguei no seu livro até ao momento em que o pousei. Um dia tenciono lê-lo.

sexta-feira, setembro 02, 2005

A Razão Extraterrestre

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O nosso planeta, atestadinho de vida supostamente inteligente faz parte de um sistema de 9 planetas que rodopiam alegremente em torno do sol. Pelos vistos nenhum dos outros planetas tem qualquer espécie de vida, o que nos dá uma espécie de exclusividade que nos isenta de pagar condomínio na Via Láctea. Seria ingénuo da nossa parte, para além de probabilisticamente improvável, pensar que somos os únicos seres pensantes no universo. Não tenho grandes dúvidas que há por aí gajos mais pensantes do que, por exemplo, o nosso actual executivo. Bem, mas para isso nem precisamos de saír deste planeta... adiante.
Uma coisa que me faz alguma confusão nesta história das civilizações extraterrestres é que eles insistem em aparecer sempre no mesmo sítio: o interior dos Estados Unidos, em regiões habitadas por labregos de pescoço vermelho que não distinguem uma debulhadora mecânica de um boeing 747, quanto mais uma nave vinda do espaço sideral. Já alguém viu um OVNI em Paris ou em Milão? Claro que não, embora num lado e noutro encontremos restaurantes mais interessantes do que na hillbillylândia, o que me leva a crer que os aliens não estão puto interessados na gastronomia local.
Durante muito tempo questionei-me porque é que os extraterrestres não estabeleciam contacto connosco. Convenhamos que não é muito educado da parte deles entrarem por aqui adentro à surrelfa e limitarem-se a observar discretamente a malta sem tentar falar com connosco. Se fossem japoneses ainda se percebia, mas apesar de pequeninos os gajos não são amarelos - aparentemente são acinzentados (eu se andasse em naves espaciais que se deslocam em sacões violentos daqui para o infinito também ficaria cinzento, ou cinzento esverdeado). Mas mais tarde percebi que os tipos não estabelecem contacto porque são claramente mais inteligentes que nós: só alguém com dois dedos de testa (e os gajos têm, segundo testemunhos, pelo menos dois palmos) evitaria meter conversa com alguém com o gabarito intelectual de um labrego norte-americano.
A forma das naves, descritas por quem as viu de relance, também é esquisita: umas em forma pires de cibalinho e outras que fazem lembrar um charuto. Nunca ninguém viu nenhuma em forma de chávena, muito embora um agricultor da Pensilvânia insista que foi perseguido por uma que tinha a forma das mamas da Marisa Cruz, com megafones nos «mamilos» que repetiam «Bou-te biolar à vruta» em 5 línguas diferentes, mas sempre com sotaque tripeiro.
Uma coisa é certa: não estamos sózinhos. E alguns de nós estão mesmo muito bem acompanhados. O João Pinto, por exemplo. É caso para dizer «Acredita João Pinto!!».

quinta-feira, setembro 01, 2005

A Razão do Género

genero
Genericamente acho que se dá demasiado importância ao género. Divide-se o mundo em dois géneros e uma maçã, e atribui-se a cada um as suas virtudes e os seus defeitos, tentando infrutiferamente vislumbrar um sentido nas acções do «género oposto».
A própria designação «género oposto» é insidiosa, e remete para uma linha fronteiriça que não está lá, sugerindo que um género deverá sempre marrar contra o outro, o que normalmente acontece.
Mas o oligopólio dos dois géneros é algo tão irritantemente artificial como a linha do horizonte: já alguém alguma vez segurou a linha do horizonte firmemente, com ambas as mãos? Eu já, mas a vodka era de má qualidade e o barco balançava muito.
Pessoalmente acho que andamos todos a fazer género quando insistimos neste tratado de tordesilhas sexual, dividindo o mundo ao meio, metade para ti metade para mim, e depois passamos a vida empoleirados na cerca a tentar perceber o que está do outro lado e a tentar provar, ou comprovar, as diferenças que nos tornam o outro género. O sexismo é uma perda de tempo tão estúpida e vã quanto o racismo que, decididamente, não faz o meu género.
Por estas e por outras é que, quando o John Gray escreveu Os homens são Marte e as mulheres são de Vénus tive uma vontade irreprimível de lhe mandar lá a casa uma tribo de somalis de Plutão, devidamente untadinhos, com o intuito de lhe mostrar o quão retráctil pode ser uma próstata. Contive-me, claro.