segunda-feira, dezembro 06, 2004

Razões Plásticas

Dogs

A auto-estima de um povo devia poder medir-se em função do número de operações plásticas que esse povo faz por ano. O Brasil seria decerto o país com a auto-estima mais depauperada do planeta, a julgar pela quantidade de vezes que o stock de silicone acaba neste país.

Inevitavelmente, a febre do botox e do silicone, acabou por chegar ao nosso paízinho, e por atingir proporções que, no mínimo, poderão ser consideradas de doentiamente preocupantes. Que Portugal é um país onde a auto-estima atinge valores abaixo do nível das águas já eu sabia: para além do Fado, somos os maiores consumidores europeus de anti-depressivos, fumamos que nem uns alarves, e bebemos em barda. E como nada disto já nos anima muito decidimos agora banalizar a cirurgia plástica para ver se nos sentimos melhor dentro deste corpinho com que nascemos. Os culpados disto tudo foram os cromos do nosso Jet 6, que aparecem em festas e programas de televisão para ganharem dinheiro para a próxima plástica.

A filosofia parece ser “minadinhos por dentro mas munta lindos por fora”. A coisa está a ser levada de uma forma tão natural que em vez de se fazer uma vidinha saudável, comer equilibradamente, ir ao ginásio, fazer um footingzinho, ou outra porcaria qualquer que ajude a carcaça a deteriorar-se mais devagar, faz-se uma plástica. Tiram-se os papos dos olhos, os pneus da barriga, aumentam-se ou diminuem-se as mamas, engrossam-se os lábios, esticam-se as peles, empina-se rabo et voilá!

A plástica está para este início de século como a aeróbica estava para os anos 90.

As consequências deste embelezamento geral estão à vista. Basta ligar na TV Cabo (canal Lili Caneças), ou olhar para a Cinha Jardim à saída da Quinta das Nulidades para perceber como vai ser a nossa 3ªidade daqui a alguns anos: uns velhotes todos repuxados, cheios de auto-estima e de pequenas cicatrizes, a quererem enganar-se a eles próprios. Se a malta se distrai ainda engata a bisavó de alguém numa discoteca.

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