segunda-feira, janeiro 16, 2006

A Razão dos Obesos

obesos
De vez em quando vem à baila a questão da obesidade e lá ficam os media histéricos com o facto da população portuguesa começar a esgotar os tamanhos XXL. Convidam-se nutricionistas a dar entrevistas na televisão, entrevistam-se ex-obesos deprimidos e obesos bonacheirões, e culpa-se a junkfood, e os doces, e os refrigerantes e o raio que o parta.
A mim, mamífero desde cedo educado a conviver salutarmente com a bio-diversidade, o que me chateia é que se promova uma espécie de segregação dos gordos. Qual é o problema de um gajo se parecer com um ovo Kinder? Qual é o problema de um gajo tresandar a suor e ter o aspecto permanente de que acabou de sair vestido do duche? Porque raio se há-de embirrar com um tipo que paga dois lugares num avião ou num autocarro? Qual é o problema de um gajo ter de se levantar por camadas, e de não ter a mínima noção da côr das cuecas que está a usar?
O discurso profilático da obesidade como doença, tira-me do sério. Uma doença?? Um tipo que tem apetite para comer quatro frangos e duas alheiras regadas com tinto ao pequeno-almoço; repetir seis vezes a dose generosa de cozido ao almoço; lanchar trinta e duas duchéses; e jantar três leitõezinhos da bairrada como entrada de sete doses de tripas à moda do Porto, é um gajo doente? Desde quando é que um tipo com apetite pode ser rotulado de doente? Se excluirmos o Zézé Camarinha, nenhum.
Temos portanto aqui mais uma mistificação mediática para arrasar a redonda auto-estima dos gordos que, como sabemos, são seres mais bem dispostos que os magros. E tudo isto para quê? Para que Portugal continue a ser um país sorumbático e deprimido.

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