sexta-feira, abril 15, 2005

A Razão da Correspondência em Cadeia

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Há muitos muitos anos atrás, ainda o marketing era um conceito esquisito destinado a dar emprego a uma chusma de inúteis (interessante ver como ainda hoje este conceito não mudou) um empregado dos correios, ao ver que o número de correspondência diminuia a olhos vistos por causa da maior popularidade do telefone, teve uma ideia perversa: escreveu uma cartinha que viria a tornar-se um fenómeno de sucesso, assegurando o emprego de muito carteiro por esse mundo fora. A cartinha dizia, grosso modo, que era portadora de sorte a quem a lia e a enviava para 10 pessoas (incluíndo uma moeda de centavos, para dar um ar credível à coisa). Dizia também que quem não a enviasse iria ter uma incalculável maré de azar. Quem terminasse a cadeia de correspondência estava, em suma, condenado a ser um verme desgraçado para o resto dos seus dias, havendo dúvidas que pudesse, a partir daí, fazer uma vida normal sem utilizar roupa interior . O empregado dos correios foi promovido e altamente recompensado depois de, passados poucos dias do envio da cartinha, se começar a reparar no impacto que esta teve no aumento de correspondência. Ninguém queria cair em desgraça e toda a gente desatou a enviar cartas com moedas de centavos lá dentro.
O e.mail veio acabar com o império da cartinha maravilha. Temporariamente. Não tardou em que aparecessem novas variantes de “e.mails da sorte” que tramavam para o resto da vida quem se atrevesse a romper a cadeia. Ora a cartinha eu ainda percebo a razão da sua existência: os correios precisavam de facturar. O e.mail em cadeia não tem razão de existir, senão a de provar que ainda há papalvos que acreditam em tudo o que lêem. Se alguém tem dúvidas que não vai ser atropelado por um camião de oito rodados, nem que será incapaz de manter uma erecção por mais de 30 segundos, ou que toda a sua família será dizimada por um grupo dissidente de guerrilheiros xiitas, só porque interrompeu uma corrente de e.mails bacocos, fixem uma coisa: não é verdade, não vai acontecer, ok? Acreditem em mim. Relaxem.

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