quinta-feira, abril 14, 2005

Razões Provincianas

restricao

O Estado legisla contra o tabaco, primeiro colocando umas mensagens intrusivas nos maços de tabaco e em breve proibindo o consumo de tabaco no local de trabalho.
Isto é uma grandessíssima bandalheira, meus senhores! A questão dos avisos nos maços de tabaco é, no mínimo, tendenciosa e ridícula. Se querem alertar o consumidor para os malefícios do tabaco, porquê parar por aí? Até parece que o tabaco é o único bem de consumo que mata. Seguindo este raciocínio didáctico do Estado eu acharia bem que os produtos ostentassem avisos semelhantes aos do tabaco, ocupando cerca de 40% das embalagens. Os automóveis, por exemplo, saíriam de fábrica com avisos em todas as portas: “Conduzir Mata!”, “Se estiver grávida não acelere muito”, “Os transportes públicos podem ajudá-lo a deixar de conduzir”; as garrafas de água, que também podem ser um bem de consumo perigoso, ostentariam enormes avisos de saúde no rótulo: “Beber água em excesso afoga!”; os aviões: “Voar pode Matar”; “A probabilidade de você sobreviver à queda é minúscula”; “Se o Estado quisesse que você voasse tinha-lhe dado asas”; os lápis: "Espetar isto num olho pode causar cegueira e morte dolorosa (por esta ordem)". E assim por diante.
Não fumar no local de trabalho também é uma medida de suprema inteligência. Como tudo pode ser considerado o local de trabalho de alguém, vai chegar a um ponto em que só poderemos fumar em casa. Fumar nas ruas vai deixar de ser possível, uma vez que as ruas são o local de trabalho das prostitutas e dos chuis da ronda. O mais provável, se acendermos um cigarro numa esquina, será levarmos com um polícia a dizer-nos que não podemos fumar num local de ataque.
O Estado português é do mais provinciano que existe no que toca a adoptar medidas europeias. É leonino. Implacável. Eficiente. Pena que não seja implacável e eficiente a implementar medidas que tornem os portugueses mais parecidos aos europeus no que respeita a poder de compra, educação, e segurança social. Onde realmente interessa, o Estado português é perfeitamente incompetente.

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