terça-feira, outubro 10, 2006

A Razão do Rei Satélite

«Quando o meu filho mais velho nasceu, no ano seguinte houve um aumento da natalidade do país.»

D. Duarte Pio em entrevista ao 24 Horas

De tempos a tempos, este jovem sente a compulsão de aparecer nos jornais e dizer umas coisas para a malta se aperceber que ele ainda existe. Infelizmente, raras são as vezes (se é que as houve) em que diz algo de relevante para aqueles que, na sua vertigem alucinada, considera serem os seus súbditos.
Desta vez estabelece uma correlação fundamental entre a sua vida sexual e a dos portugueses, acreditando piamente (ou não se chame ele Pio) que as suas acções despoletam irreversíveis macro tendências na nação portuguesa. Uma vez que ainda ninguém lhe explicou as virtudes ergonómicas de uma guilhotina, resta-nos aproveitar a sua mitomania e colocá-la ao serviço do país, contribuíndo para as profundas transformações estruturais que o desgoverno de Sócrates já mostrou ser incapaz de resolver:

Se Duarte Pio começar a trabalhar ainda este ano, em 2007 acabará o desemprego em Portugal. Sugiro que alguém ofereça uma enxada ao homem porque o sector do primário deste país está a desaparecer.

Se Duarte Pio preencher a sua declaração de impostos até ao final deste mês teremos resolvido em Janeiro próximo o problemas das dívidas ao fisco com milhares de portugueses a entupir, em histeria monárquica, todas as repartições de finanças do país, pagando tudo o que tinham para pagar.

Se Duarte Pio não ficar doente na próxima década terá resolvido por várias gerações o problema da saúde em Portugal.

Se Duarte Pio continuar a andar a cavalo estará a contribuir para que, dentro de cinco anos, Portugal reduza em 70% as suas emissões de carbono para atmosfera e veja o seu parque automóvel reduzido a 1.500 unidades (os carros dos membros do governo e seus respectivos secretários). O Estado deixará de empochar o imposto automóvel, mas que se lixe: seremos o país mais ecológico do planeta a seguir ao Ghana.

Se Duarte Pio deixar de dizer barbaridades aos jornais, dentro de um ano deixaremos de ter imprensa escrita e os jornalistas passarão a dedicar-se a profissões mais edificantes, como a pesca do bacalhau nos mares do norte, por exemplo.

Os franceses tinham o Rei Sol. Nós temos o Rei Satélite. Estamos claramente mais bem servidos que esse povinho que fala com a boca em «U».

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