sexta-feira, fevereiro 11, 2005

A Razão dos Garçons

garcon
Ontem estava a jantar num restaurante e não pude deixar de reparar num indivíduo ruidoso e mal disposto que tratava o empregado de mesa de uma forma execrável. Protestava por tudo e por nada, mandava comida para dentro, pedia outro vinho alegando que o que tinham trazido estava estragado, e mais trinta por uma linha que aquela alimária inventava para moer a paciência ao empregado. Este último mantinha uma postura irrepreensível, comportando-se como um mordomo inglês num Titanic a adornar. Imperturbável. A situação toda fez-me pensar que eu não teria perfil para uma profissão daquelas. Só de pensar que ia apanhar com aquelas aventesmas que usam o "oh pxxt pxxt!" para chamar alguém à sua mesa já me tira do sério. Não falando nas barbaridades que estes tipos têm de aguentar diariamente: os gajos que para não baterem nas suas mulheres, vão descarregar os maus fígados nos garçons; as complicadinhas que querem o prato x mas com os acompanhamentos y e z num pratinho à parte, mas sem tocarem um no outro, para não se misturarem; os paizinhos com crianças mal educadas que guincham que nem macacos e cospem tudo num perímetro de 2 metros; os velhotes que levam uma hora a decifrar a ementa enquanto se vão babando para cima da toalha e do prato vazio. Não. Eu definitivamente não teria a paciência de um garçon. Provavelmente teria a mesma atitude do empregado de mesa de ontem à noite: ficaria imperturbável, pegava no bife que ele mandou para trás, e calmamente limparia com ele os bordos da sanita da casa de banho pública mais próxima, antes de o colocar na frigideira para o voltar a servir. Se calhar até foi o que ele fez ontem ao energúmeno. Aquele sorrisinho sacana enquanto o outro comia o bife devia querer significar alguma coisa...

1 comentário:

Anónimo disse...

Infelizmente somos uma desgraceira em quase tudo!!!